O Renascimento, amplo movimento artístico, literário e científico, expandiu-se da Península Itálica por quase toda a Europa, provocando transformações na sociedade. Sobre o tema, é correto afirmar que:
a) o racionalismo renascentista reforçou o princípio da autoridade da ciência teológica e da tradição medieval.
b) houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos ideais medievais ligados aos dogmas do catolicismo, sobretudo da concepção teocêntrica de mundo.
c) nesse período, reafirmou-se a ideia de homem cidadão, que terminou por enfraquecer os sentimentos de identidade nacional e cultural, os quais contribuíram para o fim das monarquias absolutas.
d) o humanismo pregou a determinação das ações humanas pelo divino e negou que o homem tivesse a capacidade de agir sobre o mundo, transformando-o de acordo com sua vontade e interesse.
e) os estudiosos do período buscaram apoio no método experimental e na reflexão racional, valorizando a natureza e o ser humano.
(PUC-MG)
O Renascimento, enquanto fenômeno cultural observado na Europa Ocidental no início da Idade Moderna, encontra-se inserido no processo de transição do feudalismo para o capitalismo, expressando o pensamento e a visão de mundos próprios de uma sociedade mercantil e, portanto, mais aberta e dinâmica. Manifestando-se principalmente através das artes e da filosofia, o movimento renascentista tinha como eixo
a) a sabedoria popular e o domínio da maioria, como mecanismo de combate ao poder aristocrático e de oposição aos novos segmentos sociais em ascensão.
b) a oposição a todas as religiões organizadas, pois os princípios religiosos impediam a liberdade de opinião e tornavam o homem alienado. A igualdade jurídica de todos os indivíduos, suprimindo-se os privilégios de classe e equiparando os direitos e obrigações dos cidadãos.
c) a liberdade de trabalho inerente a qualquer pessoa, como instrumento capaz de possibilitar a criação e o crescimento do ser humano, sendo necessário abolir as corporações de ofício.
d) a valorização do homem por sua razão e por suas criações, difundindo a confiança nas potencialidades humanas e superando o misticismo dominante no período medieval.
e) o Racionalismo e o Geocentrismo (convicção de que tudo pode ser explicado pela razão e pela ciência; concepção de que a Terra é o centro do universo).
Renascimento
Renascimento,
Renascença ou
Renascentismo são os termos usados para identificar o período da
História da Europa aproximadamente entre fins do
século XIV e meados do
século XVI. Os estudiosos, contudo, não chegaram a um consenso sobre essa cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o autor.
1 Seja como for, o período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana, que assinalam o final da
Idade Média e o início da
Idade Moderna. Apesar destas transformações serem bem evidentes na
cultura,
sociedade,
economia,
política e
religião, caracterizando a transição do
feudalismo para o
capitalismo e significando uma ruptura com as estruturas medievais, o termo é mais comumente empregado para descrever seus efeitos nas
artes, na
filosofia e nas
ciências.
2
Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais da
antiguidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direção a um ideal
humanista e
naturalista. O termo foi registrado pela primeira vez por
Giorgio Vasari já no
século XVI, mas a noção de Renascimento como hoje o entendemos surgiu a partir da publicação do livro de
Jacob Burckhardt A cultura do Renascimento na Itália (
1867), onde ele definia o período como uma época de "descoberta do mundo e do homem".
3
O Renascimento cultural manifestou-se primeiro na região italiana da
Toscana, tendo como principais centros as cidades de
Florença e
Siena, de onde se difundiu para o resto da
península Itálica e depois para praticamente todos os países da
Europa Ocidental, impulsionado pelo desenvolvimento da
imprensa por
Johannes Gutenberg. A Itália permaneceu sempre como o local onde o movimento apresentou maior expressão, porém manifestações renascentistas de grande importância também ocorreram na
Inglaterra,
Alemanha,
Países Baixos e, menos intensamente, em
Portugal e
Espanha, e em suas colônias americanas. Alguns críticos, porém, consideram, por várias razões, que o termo "Renascimento" deve ficar circunscrito à cultura italiana desse período, e que a difusão europeia dos ideais clássicos italianos pertence com mais propriedade à esfera do
Maneirismo. Além disso, estudos realizados nas últimas décadas têm revisado uma quantidade de opiniões historicamente consagradas a respeito deste período, considerando-as insubstanciais ou estereotipadas, e vendo o Renascimento como uma fase muito mais complexa, contraditória e imprevisível do que se supôs ao longo de gerações
HUMANISMO
O
Humanismo pode ser apontado como o principal valor cultivado no Renascimento. Baseia-se em diversos conceitos associados:
Neoplatonismo,
Antropocentrismo,
Hedonismo,
Racionalismo,
Otimismo e
Individualismo. O Humanismo, antes que um corpo filosófico, é um método de aprendizado que faz uso da razão individual e da evidência
empírica para chegar às suas conclusões, paralelamente à consulta aos textos originais, ao contrário da
escolástica medieval, que se limitava ao debate das diferenças entre os autores e comentaristas. O Humanismo afirma a dignidade do homem e o torna o investigador por excelência da natureza. Na perspectiva do Renascimento, isso envolveu a revalorização da cultura
clássica antiga e sua filosofia, com uma compreensão fortemente antropocêntrica e racionalista do mundo, tendo o homem e seu raciocínio lógico e sua ciência como árbitros da vida manifesta.
5 Seu precursor foi
Petrarca, e o conceito se consolidou no século XV principalmente através dos escritos de
Marsilio Ficino,
Erasmo de Roterdão,
Pico della Mirandola e
Thomas More.
O brilhante florescimento cultural e científico renascentista deu origem a sentimentos de otimismo, abrindo positivamente o homem para o novo e incentivando seu espírito de pesquisa. O desenvolvimento de uma nova atitude perante a vida deixava para trás a espiritualidade excessiva do
gótico e via o mundo material com suas belezas naturais e culturais como um local a ser desfrutado, com ênfase na experiência individual e nas possibilidades latentes do homem. Além disso, os experimentos
democráticos italianos, o crescente prestígio do artista como um erudito e não como um simples artesão, e um novo conceito de educação que valorizava os talentos individuais de cada um e buscava desenvolver o homem num ser completo e integrado, com a plena expressão de suas faculdades espirituais, morais e físicas, nutriam sentimentos novos de liberdade social e individual.
6
Reunindo esse
corpus eclético de ideias, os homens do Renascimento cunharam ou adaptaram à sua moda alguns outros conceitos, dos quais se destacam as teorias da
perfectibilidade e do
progresso , que na prática impulsionaram positivamente a ciência de modo a tornar o período em foco como o marco inicial da ciência moderna. Mas como que para contrapô-los surgiu uma percepção de que a história é cíclica e tem fases de declínio inevitável, e de que o homem natural é um ser sujeito a forças além de seu poder e não tem domínio completo sobre seus pensamentos, capacidades e paixões, nem sobre a duração de sua própria vida. O resultado foi um grande e rico debate teórico entre os eruditos, recheado por fatos novos que apareciam a cada momento, que só teve uma resolução prática no século XVII, com a afirmação irresistível e definitiva da importância da ciência. Por um lado, alguns daqueles homens se viam como herdeiros de uma tradição que havia desaparecido por mil anos, crendo reviver de fato uma grande cultura antiga, e sentindo-se até um pouco como contemporâneos dos romanos. Mas havia outros que viam sua própria época como distinta tanto da Idade Média como da Antiguidade, com um estilo de vida até então inédito sobre a face da Terra, sentimento que era baseado exatamente no óbvio progresso da ciência. A história confirma que nesse período foram inventados diversos instrumentos científicos, e foram descobertas diversas leis naturais e objetos físicos antes desconhecidos; a própria face do planeta se modificou nos mapas depois dos descobrimentos das
grandes navegações, levando consigo a
física, a
matemática, a
medicina, a
astronomia, a
filosofia, a
engenharia, a
filologiae vários outros ramos do saber a um nível de complexidade, eficiência e exatidão sem precedentes, cada qual contribuindo para um crescimento exponencial do conhecimento total, o que levou a se conceber a história da humanidade como uma expansão contínua e sempre para melhor.
7 Talvez seja esse espírito de confiança na vida e no homem o que mais liga o Renascimento à antiguidade clássica e o que melhor define sua essência e seu legado. O seguinte trecho de
Pantagruel (1532), de
François Rabelais, costuma ser citado para ilustrar o espírito do Renascimento:
- Todas as disciplinas são agora ressuscitadas, as línguas estabelecidas: Grego, sem o conhecimento do qual é uma vergonha alguém chamar-se erudito, Hebraico, Caldeu, Latim (…) O mundo inteiro está cheio de acadêmicos, pedagogos altamente cultivados, bibliotecas muito ricas, de tal modo que me parece que nem nos tempos de Platão, de Cícero ou Papiniano, o estudo era tão confortável como o que se vê a nossa volta. (…) Eu vejo que os ladrões de rua, os carrascos, os empregados do estábulo hoje em dia são mais eruditos do que os doutores e pregadores do meu tempo.
O preparo que os humanistas preconizavam para a formação do homem ideal, são de corpo e espírito, ao mesmo tempo um filósofo, um cientista e um artista, se desenvolveu a partir da estrutura de ensino medieval do
Triviume do
Quadrivium, que sistematizavam o conhecimento da época. A novidade renascentista não foi tanto a ressurreição da sabedoria antiga, mas sua ampliação e aprofundamento com a criação de novas ciências e disciplinas, de uma nova visão de mundo e do homem e de um novo conceito de ensino e educação.
7 O resultado foi um grande e frutífero programa disciplinador e desenvolvedor do intelecto e das habilidades gerais do homem, que tinha origem na cultura greco-romana e que de fato em parte se perdera para o ocidente durante a Idade Média. Mas é preciso lembrar que apesar da idéia que os renascentistas pudessem ter de si mesmos, o movimento jamais poderia ser uma imitação literal da cultura antiga, por acontecer todo sob o manto do
Catolicismo, cujos valores e
cosmogonia eram bem diversos dos do antigo
paganismo. Assim, a Renascença foi uma tentativa original e eclética de harmonização do
Neoplatonismo pagão com a religião cristã, do
eros com a
charitas, junto com influências orientais, judaicas e árabes, e onde o estudo da
magia, da
astrologia e do oculto não estavam ausentes.
8
O pensamento medieval tendia a ver o homem como uma criatura vil, uma
"massa de podridão, pó e cinza", como se lê em
De laude flagellorum de
Pedro Damião, no século XI. Mas quando se eleva a voz de
Pico della Mirandola no
século XV o homem já representava o centro do universo, um ser mutante, essencialmente imortal, autônomo, livre, criativo e poderoso, o que ecoava as vozes mais antigas de
Hermes Trismegisto (
"Grande milagre é o homem") e do árabe
Abdala[desambiguação necessária](
"Não há nada mais maravilhoso do que o homem"). Esse otimismo se perderia novamente no século XVI, com a reaparição do ceticismo, do pessimismo, da ironia e do pragmatismo em Erasmo,
Maquiavel, Rabelais e
Montaigne, que veneravam a beleza dos ideais do classicismo mas tristemente constatavam a impossibilidade de sua aplicação prática universal e testemunhavam o deplorável jogo político, a pobreza e opressão das populações e outros problemas sociais e morais do homem real de seu tempo. Cabe notar que muitos pesquisadores consideram esta fase final não como uma etapa no grande ciclo do Renascimento, e a estabeleceram como um movimento distinto e autônomo, dando-lhe o nome de
Maneirismo.
O
Trecento representa a preparação para o Renascimento e é um fenômeno basicamente italiano, mais especificamente da cidade de
Florença, pólo político, econômico e cultural da região, embora outros centros também tenham participado do processo, como
Pisa e
Siena, tornando-os a vanguarda da Europa em termos de economia, cultura e organização social, conduzindo a transfomação do modelo medieval para o moderno.
Simone Martini: Guidoriccio da Fogliano no assédio de Montemassi, 1328. Palazzo Pubblico, Siena
A
economia era dinamizada pela fundação de grandes casas bancárias, pelo surgimento da noção de livre concorrência e pela forte ênfase no
comércio, e cada vez mais se estruturava em moldes
capitalistas e bastante materialistas, onde a tradição era sacrificada diante do racionalismo, da especulação financeira e do utilitarismo. O sistema de produção desenvolvia novos métodos, com uma nova divisão de trabalho organizada pelas
guildas e uma progressiva mecanização, mas levando a uma despersonalização da atividade artesanal. A Itália nesta época era um mosaico de pequenos países e cidades independentes. O regime
republicano com base no racionalismo fora adotado por vários daqueles
Estados, e a sociedade via crescer uma
classe média emancipada intelectual e financeiramente que se tornaria um dos principais pilares do poder e um dos sustentáculos de um novo mercado de arte e cultura.
9
O início do século viveu intensas lutas de classes, com prejuízo para os trabalhadores não vinculados às guildas, e como conseqüência instalou-se grave crise econômica, que teve um ponto culminante na bancarrota das famílias Bardi e Peruzzi em torno de
1328-
38, gerando uma fase de estagnação que não obstante levaria a pequena burguesia pela primeira vez ao poder. Esta situação foi comentada depreciativamente pelos poetas célebres da época -
Boccaccio e Villani - mas constituiu a primeira experiência
democrática em Florença, durando cerca de quarenta anos. Tumultos políticos e militares, além de duas devastadoras epidemias de
peste bubônica, provocaram períodos de fome e desalento, com revoltas populares que tentaram modificar o equilíbrio político e social, mas só conseguiram assegurar a permanência dos burgueses à testa do governo. Os
Médici, banqueiros plebeus, assumiram a liderança da classe mas logo se revestiram da dignidade da nobreza, e um sistema oligárquico voltou a dominar a cena política, muitas vezes se valendo da corrupção para atingir seus fins, mas também iniciando um costume de
mecenato das artes que seria fundamental para a evolução do classicismo no século seguinte.
10 11
Na religião a mudança foi assinalada pela busca, amparada pela ciência, de explicações racionais para os fenômenos da natureza; por uma nova forma de ver as relações entre
Deus e o homem, e pela ideia de que o mundo não deveria ser renegado, mas vivenciado plenamente, e que a salvação poderia ser conquistada também através do serviço público e do embelezamento das cidades e igrejas com obras de arte, além da prática de outras ações virtuosas. Deve-se frisar que mesmo com a crescente influência clássica, que era toda
pagã na origem, o
cristianismojamais foi posto em xeque e permaneceu como um pano de fundo ao longo de todo o período, criando-se a síntese original que conhecemos hoje.
12
Ao mesmo tempo, um novo interesse pela
história antiga levou humanistas como
Niccolò de' Niccoli e
Poggio Bracciolini a vasculharem as bibliotecas da Europa em busca de livros perdidos de autores clássicos. Muitos documentos importantes, de fato, foram encontrados, como o tratado
De architectura, de
Vitrúvio, discursos de
Cícero,
Institutio oratoria, de
Quintiliano,
Argonautica, de
Valério Flaco, e
De Rerum Natura, de
Lucrécio.
13 14 A
reconquista da Península Ibérica aos mouros também disponibilizou para os eruditos europeus um grande acervo de textos de
Aristóteles,
Euclides,
Ptolomeu e
Plotino, preservados em traduções árabes e desconhecidos na Europa, e de obras muçulmanas de
Avicena,
Geber e
Averróis, contribuindo de modo marcante para um novo florescimento na filosofia, matemática, medicina e outras especialidades científicas.
15 16 17 Para acrescentar, o aperfeiçoamento da
imprensa por
Johannes Gutenberg em meados do século facilitou e barateou imenso a divulgação do conhecimento para um público maior. O mesmo interesse pela cultura e ciência fez com que se fundassem grandes bibliotecas na Itália, e se procurasse restaurar o
latim, que havia se transformado em um dialeto multiforme, para sua pureza clássica, tornando-o a nova
língua franca da Europa. A restauração do latim derivou da necessidade prática de se gerir intelectualmente essa nova biblioteca renascentista. Paralelamente, teve o efeito de revolucionar a
pedagogia, além de fornecer um substancial novo
corpus de estruturas sintáticas e vocabulário para uso dos humanistas e literatos, que assim revestiam seus próprios escritos com a autoridade dos antigos.
17 Também foi importante o interesse das elites pelo
colecionismo de arte antiga, estimulando estudos e escavações que levaram ao descobrimento de diversas obras de arte, impulsionando com isso o desenvolvimento da
arqueologia e influenciando as artes visuais.
18
Um vigor adicional nesse processo foi injetado pelo erudito grego
Manuel Crisolaras, que entre 1397 e 1415 reintroduziu na Itália o estudo da
língua grega, e com o fim do
Império Bizantino em 1453 muitos outros intelectuais, como
Demétrio Calcondilas,
Jorge de Trebizonda,
João Argiropulo,
Teodoro Gaza e
Barlaão de Seminara, emigraram para a
península Itálica e outras partes da Europa, divulgando textos clássicos de filosofia e instruindo os humanistas na arte da
exegese. Grande proporção do que hoje se conhece de literatura e legislação greco-romanas nos foi preservado pelo
Império Bizantino, e esse novo conhecimento dos textos clássicos originais, bem como de suas traduções, foi, no entender de Luiz Marques,
"uma das maiores operações de apropriação de uma cultura por outra, comparável em certa medida à da Grécia pela Roma dos Cipiões no século II a.C. Ela reflete, além disso, a passagem, crucial para a história do Quattrocento, da hegemonia intelectual de Aristóteles para a de Platão e de Plotino. Nesse grande influxo de idéias foi reintroduzida na Itália toda a estrutura da antiga
Paideia, um corpo de princípios éticos, sociais, culturais e pedagógicos concebido pelos gregos e destinado a formar um cidadão modelar.
17 19 20 As novas informações e conhecimentos e a concomitante transformação em todas as áreas da cultura levaram os intelectuais a perceberem que se achavam em meio a uma fase de renovação comparável às fases brilhantes das civilizações antigas, em oposição à Idade Média anterior, que passou a ser considerada uma era de obscuridade e ignorância.
6 21
Ao longo do
Quattrocento Florença se manteve como o maior centro cultural do Renascimento, atravessando um momento de grande prosperidade econômica e conquistando também a primazia política em toda a região, apesar de
Milão e
Nápoles serem rivais perigosos e constantes. A opulência da sua
oligarquia burguesa, que então monopolizava todo o sistema bancário europeu e adquiria um brilho aristocrático e grande cultura, se entregava à "bela vida" e enchia seus palácios e capelas de obras classicistas, gerou descontentamento na classe média, materializada numa reversão ao idealismo místico do
estilo gótico. Estas duas tendências opostas marcaram a primeira metade deste século, até que a pequena burguesia abandonou suas resistências, possibilitando uma primeira grande síntese estética que viria a transbordar de Florença para quase todo o território italiano, definida pela primazia do racionalismo e dos valores clássicos. Foi o século dos
Medici, destacando-se principalmente
Lorenzo de' Medici, grande
mecenas, e o interesse pela arte se difundia para círculos cada vez maiores.
11 22
A Alta Renascença cronologicamente engloba os anos finais do
Quattrocento e as primeiras décadas do
Cinquecento, sendo delimitada aproximadamente pelas obras de maturidade de
Leonardo da Vinci (a partir de c. 1480) e o
Saque de Roma em 1527. Foi a fase de culminação do Renascimento, que se dissipou mal foi atingida, mas seu reconhecimento é importante porque ali se cristalizaram ideais que caracterizam todo o movimento renascentista: o Humanismo, a noção de autonomia da arte, a emancipação do artista de sua condição de artesão e equiparação ao cientista e ao erudito, a busca pela fidelidade à natureza, e o conceito de gênio, tão perfeitamente encarnado em Da Vinci,
Rafaele
Michelangelo. Se a passagem da
Idade Média para a
Idade Moderna não estava ainda completa, pelo menos estava assegurada sem retorno possível.
18 23 Eventos como a
descoberta da América e a
Reforma Protestante, e técnicas como a
imprensa de tipos móveis, transformaram a cultura e a visão de mundo dos europeus, ao mesmo tempo em que a atenção de toda a
Europa se voltava para a
Itália e seus progressos, com as grandes potências da
França,
Espanha e
Alemanha desejando sua partilha e fazendo dela um campo de batalhas e pilhagens. Com as invasões que se seguiram a arte italiana espalhou sua influência por uma vasta região do continente.
24 25
Foi na Alta Renascença que a arte atingiu a perfeição e o equilíbrio classicistas perseguidos durante todo o processo anterior, especialmente no que diz respeito à pintura e à escultura. Pela primeira vez a Antiguidade era compreendida como um todo unificado e não como uma sequência de eventos isolados, levando a arte a descartar a simples imitação decorativa do antigo e troca de uma emulação mais completa, mais essencial e também muito mais erudita.
18 Porém esse classicismo, embora maduro e rico, conseguindo plasmar obras de grande pujança, comparáveis à arte antiga, tinha forte carga formalista, espelhando o código de ética artificial, cosmopolita e abstrato que se impunha entre os círculos ilustrados e que prescrevia a moderação, autocontrole, dignidade e polidez em tudo, e que teve na pintura de
Rafael e na música de
Palestrinaseus mais perfeitos representantes artísticos, e no livro
O Cortesão de
Baldassare Castiglione sua súmula teórica.
26 O idealismo que foi intensamente cultivado na antigüidade clássica encontrava uma atualização e, segundo
Hauser,
-
- "De acordo com os pressupostos desta arte, pareceria inconcebível, por exemplo, que os apóstolos fossem representados como camponeses vulgares e artesãos comuns, como o eram tão frequentemente e com tanto sabor, no século XV. Para esta arte nova, os profetas, apóstolos, mártires e santos são personalidades ideais, livres, grandes, poderosas e dignificadas, graves e solenes, uma raça heróica, no pleno florescimento de uma beleza madura e enternecedora. Na obra de Leonardo encontramos ainda tipos da vida comum, ao lado destas nobres figuras, mas gradualmente nada que não seja grande e sublime parece digno de representação artística".26
Apesar desse código de ética, era uma sociedade agitada por mudanças políticas, sociais e religiosas importantes em que a liberdade anterior desapareceu, e o autoritarismo e a dissimulação se ocultavam por trás das normas de boa educação e da disciplina, como se lê em
O Príncipe, de
Maquiavel, um manual de governo que dizia que
"não existem boas leis sem boas armas", não distinguindo poder de autoridade e legitimando o uso da força para controle do cidadão, livro que foi uma referência fundamental do pensamento político renascentista em sua fase final e uma inspiração decisiva para a construção do
Estado moderno. Assim, a grande diferença de mentalidade entre o
Quattrocento e o
Cinquecento é que enquanto naquele a forma é um fim, neste é um começo; enquanto naquele a natureza fornecia os padrões que a arte imitava, neste a sociedade precisará da arte para provar que existem tais padrões. Rafael resumiu os opostos em seu famoso afresco
A Escola de Atenas, uma das mais importantes pinturas da Alta Renascença, realizada na primeira década do
Cinquecento, que ressuscitou o diálogo filosófico entre Platão e Aristóteles, ou seja, entre o
idealismo e o
empirismo.
27 Nesse período se observou o paulatino deslocamento do maior centro cultural renascentista de Florença para
Roma, com a proteção do
papado e o crescente afluxo de artistas de outras partes.
18
O
Cinquecento (
século XVI) é a derradeira fase da Renascença, quando o movimento se transforma, se expande para outras partes da Europa e Roma sobrepuja definitivamente Florença como centro cultural, especialmente a partir do pontificado de
Júlio II. Roma até então não havia produzido grandes artistas renascentistas, e o classicismo havia sido plantado através da presença temporária de artistas de outras partes. Mas com a fixação na cidade de mestres do porte de
Rafael,
Michelangelo e
Bramante formou-se uma escola local, tornando a cidade o mais rico repositório da arte da Alta Renascença e da sua continuação
cinquecentesca, onde a política cultural do papado deu uma feição característica a toda esta fase. Boa parte dessa nova influência romana derivou do desejo de reconstituir a grandeza e a virtude cívica da
Roma Antiga, o que se refletiu na intensificação do mecenato e na recriação de práticas sociais e simbólicas que imitavam as da Antiguidade, como os grandes cortejos de triunfo, as festas públicas suntuosas, as representações plásticas e teatrais grandiloquentes, cheias de figuras históricas, mitológicas e alegóricas.
18
Na seqüência do
saque de Roma de 1527 e da contestação da autoridade papal pelos
Protestantes o equilíbrio político do continente se alterou e sua estrutura sócio-cultural foi abalada, com conseqüências negativas principalmente para a Itália, que além de tudo deixava de ser o centro comercial da Europa enquanto novas rotas de comércio eram abertas pelas grandes navegações. Todo o panorama mudava de figura, declinando a influência
católica, perdendo-se a unidade cultural e artística recém conquistada na Alta Renascença e surgindo sentimentos de pessimismo, insegurança e alheamento que caracterizam a atmosfera do
Maneirismo.
28 29 Apareceram escolas regionais nitidamente diferenciadas em Roma, Florença,
Ferrara,
Nápoles,
Milão,
Veneza, e o Renascimento se espalhou então definitivamente por toda a Europa, dando frutos em especial na
França,
Espanha e
Alemanha, tingidos pelos históricos locais específicos. A arte de longevos como
Michelangelo e
Ticiano registrou em grande estilo a transição de uma era de certezas e clareza para outra de dúvidas e drama que viu aparecer a
Contra-Reforma e se dirigia para o
Barroco do século XVII.
28
Um dos impactos mais importantes da
Reforma Protestante sobre a arte renascentista foi a condenação das imagens sagradas, o que despovoou os templos do norte de representações pictóricas e escultóricas de santos e personagens divinos, e muitas obras de arte foram destruídas em ondas de fúria
iconoclasta. Com isso as artes representativas sob influência reformista se voltaram para os personagens profanos e a natureza. O papado, porém, logo percebeu que a arte podia ser uma arma eficiente contra os protestantes, auxiliando em uma
evangelização mais ampla e mais sedutora para as grandes massas do povo, e durante a
Contra-Reforma foram sistematizados uma nova série de preceitos baseados na
teologia contra-reformista, que determinavam em detalhe como o artista deveria criar sua obra de tema religioso. Mas assim, se por um lado a Contra-Reforma deu origem a mais encomendas de
arte sacra pela Igreja Católica, a antiga liberdade de expressão artística que se verificara em fases anteriores desapareceu, uma liberdade que permitira a Michelangelo decorar seu enorme painel do
Juízo Final, pintado no coração do
Vaticano, com uma multidão de corpos nus de grande sensualidade, ainda que o campo profano permanecesse pouco afetado pelas novas regras, que eram bastante dogmáticas e moralistas.
30 31 Apesar disso, as aquisições intelectuais e artísticas da Alta Renascença que ainda estavam frescas e resplandeciam diante dos olhos não poderiam ser esquecidas de pronto, mesmo que seu substrato filosófico já não pudesse permanecer válido diante dos novos fatos políticos, religiosos e sociais. A nova arte que se fez, ainda que inspirada na fonte do classicismo, o traduziu em formas inquietas, ansiosas, distorcidas, agitadas, ambivalentes, apegadas a preciosismos intelectualistas, características que refletiam os dilemas do século.
28
O
Maneirismo, que cobre os dois terços finais do século XVI e depois se confunde com o
Barroco, foi um movimento que tem gerado historicamente muito debate entre os historiadores da arte. Depois do século XVII ele passou a ser encarado com desprezo, como uma degeneração mórbida e afetada dos ideais clássicos autênticos. Nos dias de hoje, porém, essa visão já não permanece, tendo sido revisada através de duas vertentes da crítica. Para uns ele se manifestou em uma área geográfica tão vasta e de maneira tão polimorfa e tão distinta do
Quattrocento e da Alta Renascença, que se tornou um dilema inconciliável descrevê-lo como parte do fenômeno original, basicamente classicista e italiano, pois parece-lhes que em muitos sentidos ele constitui uma completa antítese dos princípios clássicos de proporção equilibrada, unidade formal, clareza, lógica e naturalismo, tão prezados pelas fases anteriores e que definiriam o "verdadeiro" Renascimento. A consequência foi estabelecer o Maneirismo como um movimento independente, reconhecendo uma nova e vigorosa forma de expressão no que se chegou a ver como decadência e distorção, tendo sua importância realçada por esses traços fazerem dele a primeira escola moderna de arte. A outra vertente crítica, contudo, o analisa como um aprofundamento e um enriquecimento dos pressupostos clássicos e como uma legítima conclusão do ciclo do Renascimento; não tanto uma negação ou desvirtuamento daqueles princípios, mas uma reflexão sobre sua aplicabilidade prática naquele momento histórico e uma adaptação - às vezes dolorosa mas em geral criativa e bem sucedida - às circunstâncias da época.
As artes no Renascimento
Nas artes o Renascimento se caracterizou, em linhas muito gerais, pela inspiração nos antigos gregos e romanos, e pela concepção de arte como uma imitação da natureza, tendo o homem nesse panorama um lugar privilegiado. Mas mais do que uma imitação, a natureza devia, a fim de ser bem representada, passar por uma tradução que a organizava sob uma óptica racional e matemática, num período marcado por uma matematização de todos os fenômenos naturais. Na pintura a maior conquista da busca por esse "naturalismo organizado" foi a recuperação daperspectiva, representando a paisagem, as arquiteturas e o ser humano através de relações essencialmente geométricas e criando uma eficiente impressão de espaço tridimensional; na música foi a consolidação do sistema tonal, possibilitando uma ilustração mais convincente das emoções e do movimento; na arquitetura foi a redução das construções para uma dimensão mais humana, abandonando-se as alturas transcendentais das catedrais góticas; na literatura, a introdução de um personagem que estruturava em torno de si a narrativa e mimetizava até onde possível a noção de sujeito.34
Masaccio:
Cristo e o tributo, 1425-1428. Capela Scrovegni
Rafael:
A Escola de Atenas, 1509. Vaticano
Sucintamente, a contribuição maior da
pintura do Renascimento foi sua nova maneira de representar a natureza, através de domínio tal sobre a técnica pictórica e a
perspectiva de ponto central, que foi capaz de criar uma eficiente ilusão de espaço tridimensional em uma superfície plana. Tal conquista significou um afastamento radical em relação ao sistema
medieval de representação, com sua estaticidade, seu espaço sem profundidade e seu sistema de proporções simbólico - onde os personagens maiores tinham maior importância numa escala que ia do homem até Deus - estabelecendo um novo parâmetro cujo fundamento era matemático, no que se pode ver um reflexo da popularização dos princípios filosóficos do racionalismo, antropocentrismo e do humanismo. A linguagem visual formulada pelos pintores renascentistas foi tão bem sucedida que permanece válida até hoje.
17 35
O cânone greco-romano de proporções voltava a determinar a construção da figura humana; também voltava o cultivo do
Belo tipicamente clássico. A pintura renascentista é em essência linear; o
desenho era agora considerado o alicerce de todas as
artes visuais e seu domínio, um pré-requisito para todo artista. Para tanto, foi de grande utilidade o estudo das esculturas e relevos da Antiguidade, que deram a base para o desenvolvimento de um grande repertório de temas e de gestos e posturas do corpo. Na construção da pintura, a linha convencionalmente constituía o elemento demonstrativo e lógico, e a cor indicava os estados afetivos ou qualidades específicas. Outro diferencial em relação à arte da Idade Média foi a introdução de maior dinamismo nas cenas e gestos, e a descoberta do sombreado, ou
claro-escuro, como recurso plástico e mimético.
18 35
Giotto, atuando entre os séculos XIII e XIV, foi o maior pintor da primeira Renascença italiana e o pioneiro dos naturalistas em pintura. Sua obra revolucionária, em contraste com a produção de mestres do
gótico tardio como
Cimabue e
Duccio, causou forte impressão em seus contemporâneos e dominaria toda a pintura italiana do
Trecento, por sua lógica, simplicidade, precisão e fidelidade à natureza.
36 Ambrogio Lorenzetti e
Taddeo Gaddi continuaram a linha de Giotto sem inovar, embora em outros características progressistas se mesclassem com elementos do gótico ainda forte, como se vê na obra de
Simone Martini e
Orcagna. O estilo naturalista e expressivo de Giotto, contudo, representava a vanguarda na visualidade desta fase, e se difundiu para
Siena, que por um tempo passou à frente de Florença nos avanços artísticos. Dali se estendeu para o norte da Itália.
No
Quattrocento as representações da figura humana adquiriram solidez, majestade e poder, refletindo o sentimento de autoconfiança de uma sociedade que se tornava muito rica e complexa, com vários níveis sociais, de variada educação e referenciais, que dela participavam ativamente, formando um painel multifacetado de tendências e influências. Mas ao longo de quase todo o século a arte revelaria o embate entre os derradeiros ecos do gótico espiritual e abstrato, exemplificado por
Fra Angelico,
Paolo Uccello,
Benozzo Gozzoli e
Lorenzo Monaco, e as novas forças organizadoras, naturalistas e racionais do classicismo, representadas por
Botticelli,
Pollaiuolo,
Piero della Francesca e
Ghirlandaio. Nesse sentido, depois de Giotto o próximo marco evolutivo foi
Masaccio, em cujas obras o homem tem um aspecto nitidamente enobrecido e cuja presença visual é decididamente concreta, com eficiente uso dos efeitos de volume e espaço tridimensional. Dele se disse que foi
"o primeiro que soube pintar homens que realmente tocavam seus pés na terra".
35 Junto com Florença,
Veneza representa a vanguarda artística européia no
Quattrocento, dispondo de um grupo de artistas ilustres, como
Jacopo Bellini,
Giovanni Bellini,
Vittore Carpaccio,
Mauro Codussi e
Antonello da Messina. Siena, que já fizera parte da vanguarda em anos anteriores, agora hesitava entre o apelo espiritual do gótico e o fascínio profano do classicismo, e perdia ímpeto. Enquanto isso também outras regiões do norte da Itália começavam a conhecer o classicismo, através de
Perugino em
Perugia;
Francesco Laurana em
Urbino;
Pinturicchio, Masaccio,
Melozzo da Forli, e
Giuliano da Sangallo em Roma, e Mantegna em
Pádua e
Mântua.
37 Também deve-se lembrar a influência renovadora sobre os pintores italianos da técnica da
pintura a óleo, que no
Quattrocento estava sendo desenvolvida nos Países Baixos e atingira elevado nível de refinamento, possibilitando a criação de imagens muito mais precisas e nítidas e com um sombreado muito mais sutil do que o que era conseguido com o
afresco, a
encáustica e a
têmpera. As telas flamengas eram muitissimo apreciadas na Itália exatamente por essas qualidades, e uma grande quantidade delas foi importada, copiada ou emulada pelos italianos.
17
Mais adiante, na Alta Renascença, com
Leonardo da Vinci, a técnica do óleo se refinou e penetrou no terreno do sugestivo, ao mesmo tempo em que aliava fortemente arte e ciência. Com
Rafael o sistema classicista de representação visual chegou a um apogeu, e se revelou a doçura, a grandeza solene e a perfeita harmonia. Mas essa fase, de grande equilíbrio formal, não durou muito, logo seria transformada profundamente, dando lugar ao Maneirismo. Aqui
Michelangelo, coroando o processo de exaltação do homem, levou-o a uma nova dimensão, a do sobre-humano, abrindo-lhe também as portas do trágico e do patético. Com os maneiristas toda a noção de espaço foi então alterada, a perspectiva se fragmentou em múltiplos pontos de vista, e as proporções da figura humana foram distorcias com finalidades expressivas ou meramente estéticas, formulando-se uma linguagem visual mais dinâmica, vibrátil, subjetiva, dramática e sofisticada.
Pontormo,
Paolo Veronese,
Giulio Romano,
Tintoretto,
Bronzino, e Michelangelo em sua fase madura foram exemplos típicos do Maneirismo plenamente manifesto.
Giorgio Vasari, um pintor e arquiteto maneirista de mérito secundário, também deve ser lembrado por sua importância como biógrafo e historiador da arte, um dos primeiros a reconhecer todo o ciclo renascentista como uma fase de renovação cultural e o primeiro a usar o termo "Renascimento" na bibliografia, em sua enciclopédica
Le Vite de' più Eccellenti Pittori, Scultori e Architettori, uma das fontes primárias para o estudo da vida e obra de muitos artistas do período.
MAIS ATIVIDADES
06. Qual das alternativas abaixo apresenta características do Renascimento Cultural?
A - Teocentrismo; valorização da cultura egípcia; valorização da religião; estética fora da realidade.
B - Geocentrismo; valorização apenas de temas religiosos; influência do misticismo; estética monocromática.
C - Temas não relacionados com a realidade; pobreza de cores nas pinturas; Teocentrismo; valorização de temas abstratos.
D - Antropocentrismo; valorização da cultura greco-romana; valorização da Ciência e da razão; busca do conhecimento em várias áreas.
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07. Vários artistas italianos se destacaram no Renascimento Cultural. Qual das alternativas abaixo apresenta nomes de artistas italianos renascentistas?
A - Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael Sanzio, Botticelli e Tintoretto.
B - Pablo Picasso, Van Gogh, Galileu Galilei e Lucas Mantovanni.
C - Pitágoras, Renoir, Portinari, Monet e Laurentino Schiatti.
D - Lucas Mantovanni, Pablo Picasso, Monet, Girondinelli e Renoir.
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08. Na Itália Renascentista quem eram os mecenas?
A - Governantes que atuavam como artistas, fazendo esculturas e pinturas.
B - Pintores que ajudavam financeiramente os burgueses da época.
C - Burgueses e governantes que protegiam e patrocinavam financeiramente os artístas renascentistas.
D - Religiosos que perseguiam os artísticas que faziam obras de arte que criticavam os fundamentos da Igreja Católica.
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09. Sobre Leonardo da Vinci, é verdadeira afirmar que:
A - Foi o mais importante escultor e poeta do Renascimento Italiano.
B - Foi um importante pintor, escultor, cientista, engenheiro, escritor e físico do Renascimento.
C - Foi um importante governante italiano que patrocinou vários artistas e cientistas do período renascentista.
D - Foi um importante escultor e pintor italiano do Renascimento, cuja principal obra é Pietá.
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10. Qual dos países abaixo é considerado o berço do Renascimento?
A - França
B - Itália
C - Espanha
D - Holanda.
11. Com relação às artes e às
letras de seu tempo, os humanistas dos séculos XV e XVI afirmavam:
a) que a literatura e as artes plásticas passavam por um período de
florescimento, dando continuidade ao período medieval.
b) que a literatura e as artes plásticas, em profunda decadência
no período anterior, renasciam com o esplendor da Antiguidade.
c) que as letras continuavam as tradições medievais, enquanto a
arquitetura, a pintura e a escultura rompiam com os velhos estilos.
d) que as artes plásticas continuavam as tradições medievais, enquanto a
literatura criava novos estilos.
e) que o alto nível das artes e das letras do período nada tinha a ver com a
Antiguidade nem com o período medieval.
12. Durante o Renascimento, houve
um notável desenvolvimento da produção literária, além das artes plásticas.
Indique a alternativa em que obra e autor estão corretos:
a) O Príncipe - Shakespeare
b) Dom Quixote - Miguel de Cervantes
c) Os Lusíadas - Erasmo de Rotterdan
d) Hamlet - Dante Alighieri
e) Utopia - François Rabelais
13. "Se volveres a lembrança ao Gênese, entenderás que o homem
retira da natureza seu sustento e a sua felicidade. O usuário, ao contrário,
nega a ambas, desprezando a natureza e o modo de vida que ela ensina, pois
outros são no mundo seus ideais." (Dante Alighieri, A DIVINA COMÉDIA,
Inferno, canto XI, tradução de Hernâni Donato). Esta passagem do poeta
florentino exprime:
a) uma visão já moderna da natureza, que aqui aparece sobreposta aos interesses
do homem.
b) um ponto de vista já ultrapassado no seu tempo, posto que a usura era uma
prática comum e não mais proibida.
c) uma nostalgia pela Antigüidade greco-romana, onde a prática da usura era
severamente coibida.
d) uma concepção dominante na Baixa Idade Média, de condenação à
prática da usura por ser contrária ao espírito cristão.
e) uma perspectiva original, uma vez que combina a prática da usura com a
felicidade humana.
14. Com relação à arte medieval, o Renascimento destaca-se pelas
seguintes características:
a) a perspectiva geométrica e a pintura a óleo.
b) as vidas de santos e o afresco.
c) a representação do nu e as iluminuras.
d) as alegorias mitológicas e o mosaico.
e) o retrato e o estilo romântico na arquitetura.
15. Em O RENASCIMENTO, Nicolau Sevcenko afirma: "O comércio sai da
crise do século XIV fortalecido. O mesmo ocorre com a atividade manufatureira,
sobretudo aquela ligada à produção bélica, à construção naval e à produção de
roupas e tecidos, nas quais tanto a Itália quanto a Flandres se colocaram à
frente das demais. As minas de metais nobres e comuns da Europa Central também
são enormemente ativadas. Por tudo isso muitos historiadores costumam tratar o
século XV como um período de Revolução Comercial." A Revolução Comercial
ocorreu graças:
a) às repercussões econômicas das viagens ultramarinas de
descobrimento.
b) ao crescimento populacional europeu, que tornava imperativa a
descoberta de novas terras onde a população excedente pudesse ser instalada.
c) a uma mistura de idealismo religioso e espírito de aventura, em tudo
semelhante àquela que levou à formação das cruzadas.
d) aos Atos de Navegação lançados por Oliver Cromwell.
e) à auto-suficiência econômica lusitana e à produção de excedentes para
exportação.
16. Entre os séculos XIV e XVI a
Europa viveu uma época de muitas transformações no campo das técnicas, das
artes, da política, da religião e do próprio conhecimento que o homem tinha do
mundo em si mesmo. Sobre esse período histórico, é correto afirmar:
a) Os reinos da França e da Inglaterra enfraqueceram-se devido à crise do
sistema feudal, que empobrecera os nobres exatamente no momento de
enriquecimento da burguesia mercantil e financeira, o que permitiu que os reis
concentrassem mais poder em suas mãos.
b) Surgiram nessa época "projetos" políticos que
diziam respeito às formas de um governante proteger e aumentar seu poder.
c) Durante esse período, quando os reinos independentes se
fortaleceram, a Igreja esforçou-se para assegurar o poder espiritual,
abandonando sua preocupação anterior com a manutenção de seu poder temporal.
d) Esse período foi de paz entre os papas e os imperadores; por isso, não se
investiu na criação de armas de guerra nem em fortificações.
e) Os comerciantes começaram a entrar em choque direto com a antiga ordem
medieval, impondo sua forma de vida e seus valores, à medida que passaram a
concentrar as riquezas, das quais dependiam também a Igreja e governantes.
17.
As
principais características do Renascimento foram:
a) teocentrismo, realismo e intensa espiritualidade;
b) romantismo, espírito crítico em relação à política, temas de inspiração
exclusivamente naturalistas;
c) ausência de perspectiva e adoção de temas do cotidiano religioso, tendo como
foco apenas os valores espirituais;
d) uso de temas ecológicos evidenciando a preocupação com o meio ambiente,
execução de variados retratos de personalidades da época.
e)
antropocentrismo, humanismo e inspiração greco-romana.
18. Dentre os itens
constantes desta questão, um deles não faz parte dos acontecimentos importantes
que assinalam a chegada da Idade Moderna. O item é:
a) o Humanismo e o Renascimento.
b) os grandes descobrimentos e a expansão geográfica.
c) formação do Estado nacional.
d) a Reforma e a Contra-Reforma.
e) a Revolução Francesa.
19. As principais características do Renascimento foram:
a) teocentrismo, realismo e intensa espiritualidade;
b) romantismo, espírito crítico em relação à política, temas de inspiração
exclusivamente naturalistas;
c) ausência de perspectiva e adoção de temas do cotidiano religioso, tendo como
foco apenas os valores espirituais;
d) uso de temas ecológicos evidenciando a preocupação com o meio ambiente,
execução de variados retratos de personalidades da época.
e) antropocentrismo, humanismo e inspiração
greco-romana.
20. Sobre o Renascimento, pode-se afirmar:
a) pode ser visto como uma revolução religiosa, resultado das profundas
transformações que ocorreram na transição entre o feudalismo e o capitalismo;
b) Florença e Roma, Pequim e Bagdá foram centros de irradiação do movimento
renascentista;
c) o Renascimento valorizava o anonimato e fortalecia o sentimento
nacionalista;
d) o Renascimento foi um movimento artístico,
literário e científico defensor do humanismo, baseado no antropocentrismo e no
espírito crítico em oposição ao teocentrismo;
e) o Renascimento fez renovar toda tradição islâmica da península Ibérica
reprimida pelas Cruzadas.
21. "Que obra de arte é o homem: tão nobre no raciocínio, tão
vário na capacidade; em forma o movimento, tão preciso e admirável; na ação é
como um anjo; no entendimento é como um Deus; a beleza do mundo, o exemplo dos
animais." (SHAKESPEARE, William. HAMLET.) O valor renascentista expresso
nesse texto é
a) o antropomorfismo.
b) o hedonismo.
c) o humanismo.
d) o individualismo.
e) o racionalismo.
22. Todas as alternativas apresentam conceitos que traduzem o
ideário característico do século XIX, EXCETO:
a) Anarquismo.
b) Humanismo.
c) Liberalismo.
d) Sindicalismo.
e) Socialismo.
23. A atividade crítica foi uma das características mais notáveis
do humanismo do Renascimento. Nesse sentido, podemos afirmar que os humanistas:
a) estavam mais atentos aos aspectos de continuidade e permanência do que aos
de modificação e variação da natureza e da sociedade
b) defendiam os valores da lgreja e da cultura medieval à semelhança dos
teólogos tradicionais
c) dedicavam-se à crítica da cultura tradicional e
à elaboração de um novo código de valores e de comportamentos
d) formavam um grupo de eruditos voltados, exclusivamente, para a renovação dos
estudos universitários
24. O
Humanismo foi um movimento que não pode ser definido por:
a) ser um movimento diretamente ligado ao Renascimento, por suas
características antropocentristas e individuais.
b) ter uma visão do mundo que recupera a herança greco-romana, utilizando-a
como tema de inspiração.
c) ter valorizado o misticismo, o geocentrismo e as
realizações culturais medievais.
d) centrar-se no homem, em oposição ao teocentrismo, encarando-o como
"medida comum de todas as coisas".
e) romper os limites religiosos impostos pela Igreja às manifestações
culturais.
25. "Hoje não vemos em Petrarca senão o grande poeta italiano.
Entre os seus contemporâneos, pelo contrário, o seu principal título de glória
estava em que de algum modo ele representava pessoalmente a Antigüidade (...)
Acontece o mesmo com Bocácio (...) Antes do seu Decameron ser conhecido (...)
admiravam-no pelas suas compilações mitográficas, geográficas e biográficas em
língua latina." (Jacob Burckardt, A CIVILIZAÇÃO DA RENASCENÇA ITALIANA.)
Petrarca e Bocácio estão intimamente relacionados ao:
a) nascimento do humanismo.
b) declínio da literatura barroca.
c) triunfo do protestantismo.
d) apogeu da escolástica.
e) racionalismo clássico.