terça-feira, 14 de janeiro de 2014

MAURITI

Mauriti é um município brasileiro do estado do Ceará. Está situado namesorregião do Sul Cearense na microrregião de Barro.

Denominação

Palavra originária do tupi, que denominava uma palmeira humburity, que significaárvore que dá sumo, classificada como Maurititia Vinífera; BURITI – Relativo àtribo dos Buritis pertencentes aos Tapuias.

História

Conta-se que no século XVII chegaram na região os índios das tribos Tapuias, Tupiniquins e mais tarde os Guaneces. Em seguida chegaram os portugueses e se instalaram às margens da lagoa do Quichese (nome de origem Tapuia). A referida lagoa, segundo pesquisas, marca o início da história de Mauriti, somado aos traços e símbolos na pedra da letra, traduzidos por Dr. Paulo Menescal e José Silcon do Coité.
23 de outubro de 1706 a lagoa foi concedida em sesmaria (lote de terra cedida para cultivo), pelo capitão-mor Gabriel da Silva Lago, a Rodrigo Lago, Cel. João de Barros Braga, Capitão Antonio Pereira da Cunha e outros. Mais tarde, a lagoa foi chamada de MURITI, depois BURITI (termo indígena que denominava uma palmeira humburity, classificada como Maurititia Vinífera; BURITI – Relativo à tribo dos Buritis pertencentes aos Tapuias).
O Cel. João Mendes Barros adquirindo seus direitos e de seus companheiros, por volta de 1720, vendeu o sítio aos Mendes Lobatos e Lira. Conta-se que José Lobato do Espírito Santo comprara a João de Barros Braga às margens do riacho dos porcos e lá morou.
Em 20 de outubro de 1734 as terras foram desmembradas em sítios distintos. Muriti Grande e Muritizinho vão foram vendidas entre os que aqui habitavam. João Mendes Lobato Lira, por todos os seus, vende os sítios a Batorlomeu Pereira Dantas. Anos mais tarde o Sr.Bartolomeu vendeu a metade do sítio Muriti Grande a Antonio Pereira da Cunha.
Ao longo dos anos, e por sucessões hereditárias o Capitão Miguel Gonçalves Dantas torna-se herdeiro do sítio Buriti Grande.
O Capitão Miguelzinho, assim conhecido, era casado com Ana Cordulina Cartaxo Dantas, irmã de Dr. Joaquim do Couto Cartaxo. Tendo sido acometido de cólera, o Capitão fez um voto a Imaculada Conceição em favor de sua cura. Ouvida suas preces e da esposa, curou-se do mal que lhe afligia, e em honra ao voto, doou em6 de setembro de 1870 o chão para construção da capela que dava origem a toda história, que se inicia como povoado Buriti Grande, tornando-o o fundador de Mauriti.
Em 27 de maio de 1875 a capela foi inaugurada e na ocasião foi batizada sua filha Carolina e mais tarde seis crianças dos sítios vizinhos, no já povoado Buriti Grande.
Em 8 de dezembro de 1875, foi celebrada a primeira missa pelo Padre Mota, na grande festa da padroeira, cuja imagem capitão Miguel Dantas trouxe de Fortaleza. O capitão porém não teve a felicidade de acompanhar o progresso do povoado que ele criara, pois logo falecera.
Em 1887 o povoado em ascensão, prosperando nitidamente, passa a Distrito Policial. Anos depois, surge a vila Buriti Grande traduzindo o progresso permanente na história deste povo. Dr. Antonio Joaquim do Couto Cartaxo, cunhado do Capitão Miguel Dantas, influenciara por demais nesta evolução política, o que deu a Mauriti, a vila como sede do município.
Em 27 de agosto de 1890, pelo Decreto Nº 51, instala-se o município.
Em 20 de setembro de 1895, por decisão da Câmara Municipal, pelo Decreto nº 257, foi suprimida a decisão de Mauriti como município.
Em 1911, Mauriti passa a figurar no quadro da divisão administrativa do Brasil como Distrito do município de Milagres.
Em 28 de outubro de 1924 ressurge pela segunda vez o município, pela Lei Estadual Nº 2211, instalado em 30 de dezembro de 1924, tornando-se autônomo.
A vila passa a ser chamada Mauriti, numa homenagem ao Almirante Cordovil Mauriti, seu grande amigo que muito contribuiu para a autonomia da povoação criada por Capitão Miguel Dantas.
Assume a prefeitura por nomeação Domingos Furtado Maranhão.
Em 23 de março de 1925 a 1ª Câmara de Vereadores, sendo eleito Teodorico de Sousa Leite para presidência e Francisco Epitânio Leite Secretário.
Em 6 de outubro de 1928 o quadro político de Mauriti regride e perde a condição de município pelo Decreto 2634, voltando a ser distrito de Milagres.
Em 10 de fevereiro de 1934 o município de Mauriti ressurge pela Lei Estadual Nº 2634 quando era prefeito Teodorico de Sousa Leite.

Prefeitos (nomeados)

  • 1924 a 1926 – Domingos Furtado Maranhão (nomeado)
  • 1927 a 1928 – Miguel Augusto de Araújo Lima (nomeado)
  • 1930 a 1934 – Teodorico de Sousa Leite (nomeado)
  • 1935 a 1938 – Manoel Santana (nomeado)
Em 20 de dezembro de 1938 a Vila passa a ser cidade de Mauriti pelo Decreto 448, ratificados os limites dos Distritos. Era prefeito nomeado Manuel Santana, que diante da conquista, concorre ao pleito, disputando com Emídio de Sousa Leite para o cargo de primeiro prefeito eleito, elegendo-se o Sr. Manuel Santana continua sua gestão até 1942.
Comemora-se o dia 27 de agosto como dia de emancipação política em comemoração a 1ª data em que o município se instalou.

Quadro de Prefeitos

  • 1938 a 1942 – Manoel Santana (1º prefeito eleito)
  • 1943 a 1945 – José Luiz de Andrade
  • 1945 a 1946 – José Leite da Costa
  • 1946 a 1947 – Adauto Leite de Figueiredo
  • 1947 a 1948 – José Alfredo Filho
  • 1948 a 1950 – Teodorico Fernandes Teles Cartaxo
  • 1951 a 1955 – José Teodorico de Sousa Leite
  • 1955 a 1958 – José Leite da Costa
  • 1959 a 1962 – Elias Leite Fernades
  • 1963 a 1966 – Teodorico Fernandes Teles Cartaxo
  • 1967 a 1970 – Adauto Leite de Figueiredo
  • 1971 a 1972 – Newton de Vasconcelos Sobral
  • 1973 a 1976 – Expedito de Oliveira Leite (Maninho)
  • 1977 a 1982 – José Acilio Dantas de Morais
  • 1983 a 1988 – Expedito de Oliveira Leite (Maninho)
  • 1989 a 1992 – Francisco Adailton Leite
  • 1993 a 1996 – José Marcondes Grangeiro Sampaio
  • 1997 a 2000 – Márcio Martins Sampaio de Morais
  • 2001 a 2004 – Márcio Martins Sampaio de Morais
  • 2005 a 2008 - Isaac Gomes da Silva Júnior
  • 2009 a 2012 - Isaac Gomes da Silva Júnior
  • 2013 a - Francisco Evanildo Simão.

Geografia

Localização

Localizado da Região Sul do Estado, distante da Capital Fortaleza 491,80Km (BR-116/CE-384). (www.ibge.gov.br - www.dert.ce.gov.br)

Distritos

Anauá, Buritizinho, Coité, Nova Santa Cruz, Olho D'água,São Félix, São Miguel, Palestina e Umburanas.

Localização Geográfica

07° 23` 21`` S 38° 46` 28`` O

Clima

Tropical Quente Semi-árido.

Solos (Pedologia)

De acordo com a Embrapa/SNLCS, no estudo Levantamento Exploratório-Reconhecimento de Solos do Estado do Ceará, predominam no trecho central até o norte do município, os Neossolos Quartzarênicos (Areias Quartzosas), na antiga classificação da EMBRAPA, ocupando cerca de 60% das terras do município. Seguem-se os Argissolos Eutróficos Vermelho-Amarelo Equivalente Eutrófico Podzólico Vermelho Amarelo, Equivalente Eutrófico, Neossolos Litólicos, que ocupam a região sul, nos limites com o estado dePernambuco, de relevo ondulado e forte ondulado a montanhoso, estendendo-se para leste e norte (em parte), nos limites com o estado da Paraíba, e Vertissolo, estes cuja composição granulométrica está ricamente composta de argila, de muita fertilidade, tornando-os responsáveis, ao lado dos Argissolos, pela boa produção de milho no município. Os Neossolos Litólicos não aferecem aproveitamento agrícola. Os Neossolos Quartzarênicos são, como diz o nome, arenosos, pobres em elementos para as plantas e de drenagem muito rápida, necessitando de muito cuidado na exploração com agricultura, devendo ser cultivado preferencialmente commandiocamacaxeira, coco-da-baia, batatas, os quais podem dar-se bem nesse tipo de solo. Os Argissolos são ótimos para todos oscultivos, aliados ao relevo plano e suave ondulado, mas são susceptíveis à erosão. Outros solos não mapeados, por inadequação da escala do mapeamento, são os Neossolos Flúvicos (aluviões) que se desenvolvem ao longo dos riachos (São Miguel, Pombos, Soim) muito ricos em fertilidade e que oferecem ótimas condições de produtividade às culturas neles desenvolvidas. Outrora, a grande produção de algodão do município estava alicerçada também nesses Neossolos Flúvicos (em Mauriti, nos anos 60 e 70, foram instaladas três usinas de descaroçamento de algodão).

Período chuvoso

Fevereiro a abril.

Pluviosidade média

754,2mm.

Relevo

Chapada do Araripe e Depressões Sertanejas.

Vegetação

Floresta Caducifólia Espinhosa e Floresta Subcaducifólia Tropical Pluvial.

Macrorregião

Cariri - Centro-sul.

Economia

Município rico por sua agricultura. De acordo com o IBGE/Cidades, Censo Agropecuárioo de 2006, Mauriti produziu 41.429 toneladas de milho e 9.455 toneladas de feijão, o que o torna o 5º maior produtor de grãos do Estado. Obviamente, esses números variam ano a ano,para mais ou para menos, de acordo com a regularidade ou não das chuvas. Em 2011, produtores de milho no município contrataram os serviços de mecanização da colheita de milho, ganhando tempo e evitando desperdícios. Produz, também, banana emanga para exportação. Projetos agrícolas e agricultura familiar mantém o homem no campo. O município de Mauriti produz ainda:maracujácocomamãolimãolaranjamacaxeiramandiocatomate, entre outros que dão para o abastecimento da população, além de contar com um número significativo de caprinosbovinossuínospeixes em cativeiro e aves. Na cidade o comércio é diversificado: vários mercantis, farmácias, revenda de motos, diversas lojas de móveis, padarias, entre outras. A construção civil em Mauriti é um ramo que emprega muita gente, já que inumeras construções se iniciam todos os dias. Dispõe de uma fábrica de móveis tubulares, uma fábrica de acessórios para motos, e uma renovadora de pneus de motos. Existem em Mauriti três agências bancárias: Caixa Econômica Federal,Banco do Brasil e Bradesco, além de contar com casa lotérica e diversos pontos de recebimentos. Mauriti sedia o canteiro de obras do lote 06 da transposição do Rio São Francisco para a construção de mais de 44 km de canal, e do lote 14, onde serão construídos 13 km de túnel do mesmo projeto. Será o maior túnel da América latina. Essas atividades de engenharia geraram emprego e renda, mas se encontram desativadas desde o final de 2011, podendo serem retomadas a qualquer momento.

Referências


FONTE: WIKIPEDIA

RESULTADO DA RECUPERAÇÃO DE HISTÓRIA DA ESCOLA DE BETÂNIA


8º ANO "A"
Nº 03- NOTA 1,0
Nº 19- NOTA 0,0

8º ANO "B"
Nº 09- NOTA 0,0
Nº 12- NOTA 6,0
Nº 16- NOTA 6,0

9º ANO "A"
Nº 02- NOTA 6,0
Nº 03- NOTA 4,0
Nº 05- NOTA 6,5
Nº 06- NOTA 2,0
Nº 10- NOTA 6,0
Nº 17- NOTA 6,0
Nº 21- NOTA 6,0
Nº 23- NOTA 6,0
Nº 28- NOTA 7,0
Nº 29- NOTA 6,5

9º ANO "B"
Nº 01- NOTA 6,0
Nº 02- NOTA 6,0
Nº 15- NOTA 7,0
Nº 24- NOTA 7,0
Nº 28- NOTA 4,0

RESULTADO DA RECUPERAÇÃO DE GEOGRAFIA DE BETÂNIA

8º ANO "A"
Nº 03; NOTA 2,0

8º ANO "B"
Nº 09; NOTA 0,0

9º ANO "A"
Nº 03; NOTA 4,0
Nº 05; NOTA 3,5
Nº 10; NOTA 5,0
Nº 15; NOTA 0,0
Nº 17; NOTA 3,5
Nº 20; NOTA 0,0
Nº 21; NOTA 6,0
Nº 22; NOTA 0,0
Nº 23; NOTA 6,0
Nº 24; NOTA 7,0
Nº 28; NOTA 6,0
Nº 29; NOTA 6,0

9º ANO "B"
Nº 01; NOTA 6,0
Nº 02; NOTA 6,0
Nº 15; NOTA 4,0
Nº 24; NOTA 6,0
Nº 28; NOTA 4,5




sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

CONTEÚDO PARA RECUPERAÇÃO DE HISTÓRIA NA EEEP DEPUTADO JOSÉ MARIA MELO

Renascimento Cultural

O Renascimento Cultural foi um movimento que teve seu início na Itália no século XIV, e se estendeu por toda a Europa até o século XVI. Os artistas, escritores e pensadores renascentistas expressavam em suas obras os valores, os ideais e a nova visão do mundo, de uma sociedade que emergia da crise do período medieval. Na Idade Média, grande parte da produção intelectual e artística estava ligada à Igreja. Na Idade Moderna, a arte e o saber voltaram-se para o mundo concreto, para a humanidade e a sua capacidade de transformar o mundo

Origem do Renascimento

O Renascimento teve sua origem na península Itálica, que era o centro do comércio mediterrâneo. Com a economia dinâmica e rica, os excedentes eram investidos em produção cultural. A  burguesia oriunda das camadas marginais da sociedade medieval, tornaram-se mecenas, investindo em palácios, catedrais, esculturas e pinturas, buscando aproximar seu estilo de vida ao da nobreza.
A Itália, favorecida pelo grande número de obras da Antiguidade, inspirou os artistas do Renascimento. A literatura e o pensamento da Antiguidade greco-romana, serviram de referência para os escritores renascentistas e contribuíram para a formação de seus valores e ideais.

Características do Renascimento

Os renascentistas rejeitavam os valores feudais a ponto de considerar o período medieval como a "Idade das Trevas", e por isso a época obscura seria abolida por um "renascimento" cultural.  Assim, opunham-se ao teocentrismo, ao misticismo, ao geocentrismo e ao coletivismo.
O traço marcante do Renascimento era o racionalismo, baseado na convicção de que tudo se podia explicar pela razão e pela observação da natureza, na tentativa de compreender o universo de forma calculada e matemática. O elemento central foi ohumanismo, no sentido de valorizar o ser humano, considerado a obra mais perfeita de Cristo. Daí surge o antropocentrismo renascentista, ou seja, a ideia do homem como centro das preocupações intelectuais e artísticas.
Outras características do movimento renascentista foram o naturalismo, o hedonismoe o neoplatonismo. O naturalismo pregava a volta à natureza, o hedonismo defendia o prazer individual como o único bem possível, e o neoplatonismo defendia uma elevação espiritual, uma aproximação com Deus, através de uma interiorização, em detrimento de qualquer busca material.

Renascimento artístico

A arte do renascimento expressou as preocupações surgidas em sua época, com o desenvolvimento comercial e urbano. A dignidade, a racionalidade e a individualidade do homem eram seus principais temas. Um grande precursor do Renascimento literário na Itália foi Dante Alighieri (1265-1321), autor da Divina Comédia. Apesar de criticar a Igreja, sua obra ainda apresenta forte influência medieval.
A consolidação do Renascimento na Itália ocorreu basicamente no século XIV, período conhecido com Trecentro, ou seja nos anos 1300. As primeiras manifestações da nova arte surgiram com Giotto de Bonolone (1266-1337). Suas obras representavam figuras humanas com grande naturalismo, inclusive Cristo e os Santos. Na literatura generalizou-se a utilização do dialeto toscano, que seria matriz da língua italiana contemporânea. Mas foi Francesco Petrarca (1304-1374) o "pai do humanismo e da literatura italiana". Autor de África e Odes a Laura, ainda expressando uma forte inspiração greco-romana e uma religiosidade medieval. Outro grande nome do Trecentro foi Decameron, com seus contos satíricos que criticavam o ascetismo medieval.
O Quattrocento (1400), segundo período do renascimento italiano, surge em Florença com o pintor Masaccio (1401-1429), um mestre da pespectiva. Outro destaque foiSandro Botticelli (1445-1510), que acreditava que a arte era mesmo tempo uma representação espiritual, religiosa e simbólica. Destacou-se também o arquiteto Felippo Brunelleschi, autor da cúpula da catedral de Santa Maria del Fiore, o escultorDonatello e os pintores Paolo UccelloAndrea Mantegna e Fra Angelico.
No terceiro período, o Cinquecento (1500), a principal centro da arte renascentista passou a ser Roma. Foi construída a basílica de São Pedro, no Vaticano, projeto do arquiteto Donato Bramante. Na literatura, sistematizou-se o uso da língua italiana através de  Francesco GuiciardiniTorquato TassoAriosto e principalmente comNicolau Maquiavel, com sua obra O Príncipe. Na pintura despontou Leonardo da Vinci(1452-1519), com a "Monalisa" e a "Santa Ceia"; Rafael Sanzio (1483-1520) conhecido como o "pintor das madonas"; Ticiano, o mestre da cor, que imprimiu sua marca na escola de Veneza e o escultor e pintor, Michelangelo "o gigante do Renascimento", responsável pelos monumentais afrescos da Capela Sistina. São dele as esculturas de "Davi", "Moises" e a "Pietá".
EXERCÍCIOS
Questão 1
Leia este trecho, em que se faz referência à construção do mundo moderno:
“... os modernos são os primeiros a demonstrar que o conhecimento verdadeiro só pode nascer do trabalho interior realizado pela razão, graças a seu próprio esforço, sem aceitar dogmas religiosos, preconceitos sociais, censuras políticas e os dados imediatos fornecidos pelos sentidos”. (CHAUÍ, Marilena. "Primeira filosofia". 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 80.)
A leitura do trecho nos permite identificar características do Renascimento. Assinale a afirmativa que contém essas características.
a) nova postura com relação ao conhecimento, a qual transforma o modo de entendimento do mundo e do próprio homem.
b) ruptura com as concepções antropocêntricas, a qual modifica as relações hierárquicas senhoriais.
c) ruptura com o mundo antigo, a qual caracteriza um distanciamento do homem face aos diversos movimentos religiosos.
d) adaptações do pensamento contemplativo, as quais reafirmam a primazia do conhecimento da natureza em relação ao homem.

Questão 2
(Enem)
(...) Depois de longas investigações, convenci-me por fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas que giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama. Que, além dos planetas principais, há outros de segunda ordem que circulam primeiro como satélites em redor dos planetas principais e com estes em redor do Sol. (...) Não duvido de que os matemáticos sejam da minha opinião, se quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento, não superficialmente, mas duma maneira aprofundada, das demonstrações que darei nesta obra. Se alguns homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer contra mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura (sagrada), a que torçam o sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades matemáticas não devem ser julgadas senão por matemáticos. (COPÉRNICO, N. De Revolutionibus orbium caelestium)
Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o navegador que embarca em um navio sem leme nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de fazer de um caso uma regra geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique se as experiências produzem os mesmos efeitos. Nenhuma investigação humana pode se considerar verdadeira ciência se não passa por demonstrações matemáticas. (VINCI, Leonardo da. Carnets)
O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para exemplificar o racionalismo moderno é
a) a fé como guia das descobertas.
b) o senso crítico para se chegar a Deus.
c) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos.
d) a importância da experiência e da observação.
e) o princípio da autoridade e da tradição.

Questão 3
(Uneb-BA)
Leia atentamente os relatos a seguir:
"O pintor que trabalha rotineira e apressadamente, sem compreender as coisas, é como o espelho que absorve tudo o que encontra diante de si, sem tomar conhecimento".
“Experiência, mãe de toda a certeza”
“Só o pintor universal tem valor”
São trechos de Leonardo da Vinci, personagem destacada do Renascimento. Neles, o autor exalta compreensão, experiência, universalismo, valores que marcaram o:
a) Teocentrismo, como princípio básico do pensamento moderno.
b) Epicurismo, em alusão aos princípios dominantes na Idade Média.
c) Humanismo, como postura ideológica que configurou a transição para a Idade Moderna.
d) Confucionismo, por sua marcada oposição ao conjunto dos conhecimentos orientais.
e) Escolasticismo, dado que admitia a fé como única fonte de conhecimento. 

Questão 4
(UEL)
O Renascimento, amplo movimento artístico, literário e científico, expandiu-se da Península Itálica por quase toda a Europa, provocando transformações na sociedade. Sobre o tema, é correto afirmar que:
a) o racionalismo renascentista reforçou o princípio da autoridade da ciência teológica e da tradição medieval.
b) houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos ideais medievais ligados aos dogmas do catolicismo, sobretudo da concepção teocêntrica de mundo.
c) nesse período, reafirmou-se a ideia de homem cidadão, que terminou por enfraquecer os sentimentos de identidade nacional e cultural, os quais contribuíram para o fim das monarquias absolutas.
d) o humanismo pregou a determinação das ações humanas pelo divino e negou que o homem tivesse a capacidade de agir sobre o mundo, transformando-o de acordo com sua vontade e interesse.
e) os estudiosos do período buscaram apoio no método experimental e na reflexão racional, valorizando a natureza e o ser humano.  

Questão 5
(PUC-MG)
O Renascimento, enquanto fenômeno cultural observado na Europa Ocidental no início da Idade Moderna, encontra-se inserido no processo de transição do feudalismo para o capitalismo, expressando o pensamento e a visão de mundos próprios de uma sociedade mercantil e, portanto, mais aberta e dinâmica.  Manifestando-se principalmente através das artes e da filosofia, o movimento renascentista tinha como eixo
a) a sabedoria popular e o domínio da maioria, como mecanismo de combate ao poder aristocrático e de oposição aos novos segmentos sociais em ascensão.
b) a oposição a todas as religiões organizadas, pois os princípios religiosos impediam a liberdade de opinião e tornavam o homem alienado. A igualdade jurídica de todos os indivíduos, suprimindo-se os privilégios de classe e equiparando os direitos e obrigações dos cidadãos.
c) a liberdade de trabalho inerente a qualquer pessoa, como instrumento capaz de possibilitar a criação e o crescimento do ser humano, sendo necessário abolir as corporações de ofício.
d) a valorização do homem por sua razão e por suas criações, difundindo a confiança nas potencialidades humanas e superando o misticismo dominante no período medieval.
e) o Racionalismo e o Geocentrismo (convicção de que tudo pode ser explicado pela razão e pela ciência; concepção de que a Terra é o centro do universo).


Renascimento


RenascimentoRenascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIV e meados do século XVI. Os estudiosos, contudo, não chegaram a um consenso sobre essa cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o autor.1 Seja como for, o período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana, que assinalam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Apesar destas transformações serem bem evidentes na cultura,sociedadeeconomiapolítica e religião, caracterizando a transição do feudalismo para ocapitalismo e significando uma ruptura com as estruturas medievais, o termo é mais comumente empregado para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências.2
Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direção a um ideal humanista e naturalista. O termo foi registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari já noséculo XVI, mas a noção de Renascimento como hoje o entendemos surgiu a partir da publicação do livro de Jacob Burckhardt A cultura do Renascimento na Itália (1867), onde ele definia o período como uma época de "descoberta do mundo e do homem".3
O Renascimento cultural manifestou-se primeiro na região italiana da Toscana, tendo como principais centros as cidades de Florença e Siena, de onde se difundiu para o resto dapenínsula Itálica e depois para praticamente todos os países da Europa Ocidental, impulsionado pelo desenvolvimento da imprensa por Johannes Gutenberg. A Itália permaneceu sempre como o local onde o movimento apresentou maior expressão, porém manifestações renascentistas de grande importância também ocorreram na InglaterraAlemanhaPaíses Baixos e, menos intensamente, emPortugal e Espanha, e em suas colônias americanas. Alguns críticos, porém, consideram, por várias razões, que o termo "Renascimento" deve ficar circunscrito à cultura italiana desse período, e que a difusão europeia dos ideais clássicos italianos pertence com mais propriedade à esfera do Maneirismo. Além disso, estudos realizados nas últimas décadas têm revisado uma quantidade de opiniões historicamente consagradas a respeito deste período, considerando-as insubstanciais ou estereotipadas, e vendo o Renascimento como uma fase muito mais complexa, contraditória e imprevisível do que se supôs ao longo de gerações

HUMANISMO
Humanismo pode ser apontado como o principal valor cultivado no Renascimento. Baseia-se em diversos conceitos associados:NeoplatonismoAntropocentrismoHedonismoRacionalismoOtimismo e Individualismo. O Humanismo, antes que um corpo filosófico, é um método de aprendizado que faz uso da razão individual e da evidência empírica para chegar às suas conclusões, paralelamente à consulta aos textos originais, ao contrário da escolástica medieval, que se limitava ao debate das diferenças entre os autores e comentaristas. O Humanismo afirma a dignidade do homem e o torna o investigador por excelência da natureza. Na perspectiva do Renascimento, isso envolveu a revalorização da cultura clássica antiga e sua filosofia, com uma compreensão fortemente antropocêntrica e racionalista do mundo, tendo o homem e seu raciocínio lógico e sua ciência como árbitros da vida manifesta.5 Seu precursor foi Petrarca, e o conceito se consolidou no século XV principalmente através dos escritos de Marsilio FicinoErasmo de RoterdãoPico della Mirandola e Thomas More.
O brilhante florescimento cultural e científico renascentista deu origem a sentimentos de otimismo, abrindo positivamente o homem para o novo e incentivando seu espírito de pesquisa. O desenvolvimento de uma nova atitude perante a vida deixava para trás a espiritualidade excessiva do gótico e via o mundo material com suas belezas naturais e culturais como um local a ser desfrutado, com ênfase na experiência individual e nas possibilidades latentes do homem. Além disso, os experimentos democráticos italianos, o crescente prestígio do artista como um erudito e não como um simples artesão, e um novo conceito de educação que valorizava os talentos individuais de cada um e buscava desenvolver o homem num ser completo e integrado, com a plena expressão de suas faculdades espirituais, morais e físicas, nutriam sentimentos novos de liberdade social e individual.6
Reunindo esse corpus eclético de ideias, os homens do Renascimento cunharam ou adaptaram à sua moda alguns outros conceitos, dos quais se destacam as teorias da perfectibilidade e do progresso , que na prática impulsionaram positivamente a ciência de modo a tornar o período em foco como o marco inicial da ciência moderna. Mas como que para contrapô-los surgiu uma percepção de que a história é cíclica e tem fases de declínio inevitável, e de que o homem natural é um ser sujeito a forças além de seu poder e não tem domínio completo sobre seus pensamentos, capacidades e paixões, nem sobre a duração de sua própria vida. O resultado foi um grande e rico debate teórico entre os eruditos, recheado por fatos novos que apareciam a cada momento, que só teve uma resolução prática no século XVII, com a afirmação irresistível e definitiva da importância da ciência. Por um lado, alguns daqueles homens se viam como herdeiros de uma tradição que havia desaparecido por mil anos, crendo reviver de fato uma grande cultura antiga, e sentindo-se até um pouco como contemporâneos dos romanos. Mas havia outros que viam sua própria época como distinta tanto da Idade Média como da Antiguidade, com um estilo de vida até então inédito sobre a face da Terra, sentimento que era baseado exatamente no óbvio progresso da ciência. A história confirma que nesse período foram inventados diversos instrumentos científicos, e foram descobertas diversas leis naturais e objetos físicos antes desconhecidos; a própria face do planeta se modificou nos mapas depois dos descobrimentos das grandes navegações, levando consigo a física, a matemática, a medicina, a astronomia, a filosofia, a engenharia, a filologiae vários outros ramos do saber a um nível de complexidade, eficiência e exatidão sem precedentes, cada qual contribuindo para um crescimento exponencial do conhecimento total, o que levou a se conceber a história da humanidade como uma expansão contínua e sempre para melhor.7 Talvez seja esse espírito de confiança na vida e no homem o que mais liga o Renascimento à antiguidade clássica e o que melhor define sua essência e seu legado. O seguinte trecho de Pantagruel (1532), de François Rabelais, costuma ser citado para ilustrar o espírito do Renascimento:
Todas as disciplinas são agora ressuscitadas, as línguas estabelecidas: Grego, sem o conhecimento do qual é uma vergonha alguém chamar-se erudito, HebraicoCaldeuLatim (…) O mundo inteiro está cheio de acadêmicos, pedagogos altamente cultivados, bibliotecas muito ricas, de tal modo que me parece que nem nos tempos de Platão, de Cícero ou Papiniano, o estudo era tão confortável como o que se vê a nossa volta. (…) Eu vejo que os ladrões de rua, os carrascos, os empregados do estábulo hoje em dia são mais eruditos do que os doutores e pregadores do meu tempo.

Retrato de Erasmo, 1523, por Hans Holbein, o Jovem(Frick Collection).
O preparo que os humanistas preconizavam para a formação do homem ideal, são de corpo e espírito, ao mesmo tempo um filósofo, um cientista e um artista, se desenvolveu a partir da estrutura de ensino medieval do Triviume do Quadrivium, que sistematizavam o conhecimento da época. A novidade renascentista não foi tanto a ressurreição da sabedoria antiga, mas sua ampliação e aprofundamento com a criação de novas ciências e disciplinas, de uma nova visão de mundo e do homem e de um novo conceito de ensino e educação.7 O resultado foi um grande e frutífero programa disciplinador e desenvolvedor do intelecto e das habilidades gerais do homem, que tinha origem na cultura greco-romana e que de fato em parte se perdera para o ocidente durante a Idade Média. Mas é preciso lembrar que apesar da idéia que os renascentistas pudessem ter de si mesmos, o movimento jamais poderia ser uma imitação literal da cultura antiga, por acontecer todo sob o manto doCatolicismo, cujos valores e cosmogonia eram bem diversos dos do antigo paganismo. Assim, a Renascença foi uma tentativa original e eclética de harmonização do Neoplatonismo pagão com a religião cristã, do eros com acharitas, junto com influências orientais, judaicas e árabes, e onde o estudo da magia, da astrologia e do oculto não estavam ausentes.8
O pensamento medieval tendia a ver o homem como uma criatura vil, uma "massa de podridão, pó e cinza", como se lê em De laude flagellorum de Pedro Damião, no século XI. Mas quando se eleva a voz de Pico della Mirandola no século XV o homem já representava o centro do universo, um ser mutante, essencialmente imortal, autônomo, livre, criativo e poderoso, o que ecoava as vozes mais antigas deHermes Trismegisto ("Grande milagre é o homem") e do árabe Abdala[desambiguação necessária]("Não há nada mais maravilhoso do que o homem"). Esse otimismo se perderia novamente no século XVI, com a reaparição do ceticismo, do pessimismo, da ironia e do pragmatismo em Erasmo, Maquiavel, Rabelais e Montaigne, que veneravam a beleza dos ideais do classicismo mas tristemente constatavam a impossibilidade de sua aplicação prática universal e testemunhavam o deplorável jogo político, a pobreza e opressão das populações e outros problemas sociais e morais do homem real de seu tempo. Cabe notar que muitos pesquisadores consideram esta fase final não como uma etapa no grande ciclo do Renascimento, e a estabeleceram como um movimento distinto e autônomo, dando-lhe o nome de Maneirismo.

Costuma-se dividir o Renascimento em três grandes fases, TrecentoQuattrocento e Cinquecento, correspondentes aos séculos XIV, XV e XVI, com um breve interlúdio entre as duas últimas chamado de Alta Renascença.

Trecento[editar | editar código-fonte]

Trecento representa a preparação para o Renascimento e é um fenômeno basicamente italiano, mais especificamente da cidade de Florença, pólo político, econômico e cultural da região, embora outros centros também tenham participado do processo, como Pisa e Siena, tornando-os a vanguarda da Europa em termos de economia, cultura e organização social, conduzindo a transfomação do modelo medieval para o moderno.

Ambrogio LorenzettiAlegoria do Bom Governo, c. 1328. Palazzo PubblicoSiena

Simone MartiniGuidoriccio da Fogliano no assédio de Montemassi, 1328. Palazzo Pubblico, Siena
economia era dinamizada pela fundação de grandes casas bancárias, pelo surgimento da noção de livre concorrência e pela forte ênfase no comércio, e cada vez mais se estruturava em moldes capitalistas e bastante materialistas, onde a tradição era sacrificada diante do racionalismo, da especulação financeira e do utilitarismo. O sistema de produção desenvolvia novos métodos, com uma nova divisão de trabalho organizada pelas guildas e uma progressiva mecanização, mas levando a uma despersonalização da atividade artesanal. A Itália nesta época era um mosaico de pequenos países e cidades independentes. O regime republicano com base no racionalismo fora adotado por vários daqueles Estados, e a sociedade via crescer uma classe média emancipada intelectual e financeiramente que se tornaria um dos principais pilares do poder e um dos sustentáculos de um novo mercado de arte e cultura.9
O início do século viveu intensas lutas de classes, com prejuízo para os trabalhadores não vinculados às guildas, e como conseqüência instalou-se grave crise econômica, que teve um ponto culminante na bancarrota das famílias Bardi e Peruzzi em torno de 1328-38, gerando uma fase de estagnação que não obstante levaria a pequena burguesia pela primeira vez ao poder. Esta situação foi comentada depreciativamente pelos poetas célebres da época - Boccaccio e Villani - mas constituiu a primeira experiênciademocrática em Florença, durando cerca de quarenta anos. Tumultos políticos e militares, além de duas devastadoras epidemias de peste bubônica, provocaram períodos de fome e desalento, com revoltas populares que tentaram modificar o equilíbrio político e social, mas só conseguiram assegurar a permanência dos burgueses à testa do governo. Os Médici, banqueiros plebeus, assumiram a liderança da classe mas logo se revestiram da dignidade da nobreza, e um sistema oligárquico voltou a dominar a cena política, muitas vezes se valendo da corrupção para atingir seus fins, mas também iniciando um costume de mecenato das artes que seria fundamental para a evolução do classicismo no século seguinte.10 11
Na religião a mudança foi assinalada pela busca, amparada pela ciência, de explicações racionais para os fenômenos da natureza; por uma nova forma de ver as relações entre Deus e o homem, e pela ideia de que o mundo não deveria ser renegado, mas vivenciado plenamente, e que a salvação poderia ser conquistada também através do serviço público e do embelezamento das cidades e igrejas com obras de arte, além da prática de outras ações virtuosas. Deve-se frisar que mesmo com a crescente influência clássica, que era toda pagã na origem, o cristianismojamais foi posto em xeque e permaneceu como um pano de fundo ao longo de todo o período, criando-se a síntese original que conhecemos hoje.12

Quattrocento[editar | editar código-fonte]


Retrato de Luca Pacioli com um aluno, por Jacopo de' Barbari

Jorge de Trebizonda: página do seu Comentário sobre o Almagesto
O chamado Quattrocento (século XV) viu o Renascimento atingir sua era dourada. O Humanismo amadurecia e se espalhava pela Europa através de Ficino, Rodolphus AgricolaErasmo de Roterdão, Mirandola e Thomas MoreLeonardo Bruni inaugurava a historiografia moderna e a ciência e a filosofia progrediam com Luca PacioliJános VitézNicolas ChuquetRegiomontanus,Nicolau de Cusa e Georg von Peuerbach, entre muitos outros.
Ao mesmo tempo, um novo interesse pela história antiga levou humanistas como Niccolò de' Niccoli e Poggio Bracciolini a vasculharem as bibliotecas da Europa em busca de livros perdidos de autores clássicos. Muitos documentos importantes, de fato, foram encontrados, como o tratadoDe architectura, de Vitrúvio, discursos de CíceroInstitutio oratoria, de QuintilianoArgonautica, de Valério Flaco, e De Rerum Natura, de Lucrécio.13 14 A reconquista da Península Ibérica aos mouros também disponibilizou para os eruditos europeus um grande acervo de textos deAristótelesEuclidesPtolomeu e Plotino, preservados em traduções árabes e desconhecidos na Europa, e de obras muçulmanas de AvicenaGeber e Averróis, contribuindo de modo marcante para um novo florescimento na filosofia, matemática, medicina e outras especialidades científicas.15 16 17 Para acrescentar, o aperfeiçoamento da imprensa por Johannes Gutenberg em meados do século facilitou e barateou imenso a divulgação do conhecimento para um público maior. O mesmo interesse pela cultura e ciência fez com que se fundassem grandes bibliotecas na Itália, e se procurasse restaurar o latim, que havia se transformado em um dialeto multiforme, para sua pureza clássica, tornando-o a nova língua franca da Europa. A restauração do latim derivou da necessidade prática de se gerir intelectualmente essa nova biblioteca renascentista. Paralelamente, teve o efeito de revolucionar a pedagogia, além de fornecer um substancial novo corpus de estruturas sintáticas e vocabulário para uso dos humanistas e literatos, que assim revestiam seus próprios escritos com a autoridade dos antigos.17 Também foi importante o interesse das elites pelo colecionismo de arte antiga, estimulando estudos e escavações que levaram ao descobrimento de diversas obras de arte, impulsionando com isso o desenvolvimento da arqueologia e influenciando as artes visuais.18
Um vigor adicional nesse processo foi injetado pelo erudito grego Manuel Crisolaras, que entre 1397 e 1415 reintroduziu na Itália o estudo dalíngua grega, e com o fim do Império Bizantino em 1453 muitos outros intelectuais, como Demétrio CalcondilasJorge de TrebizondaJoão ArgiropuloTeodoro Gaza e Barlaão de Seminara, emigraram para a península Itálica e outras partes da Europa, divulgando textos clássicos de filosofia e instruindo os humanistas na arte da exegese. Grande proporção do que hoje se conhece de literatura e legislação greco-romanas nos foi preservado pelo Império Bizantino, e esse novo conhecimento dos textos clássicos originais, bem como de suas traduções, foi, no entender de Luiz Marques, "uma das maiores operações de apropriação de uma cultura por outra, comparável em certa medida à da Grécia pela Roma dos Cipiões no século II a.C. Ela reflete, além disso, a passagem, crucial para a história do Quattrocento, da hegemonia intelectual de Aristóteles para a de Platão e de Plotino. Nesse grande influxo de idéias foi reintroduzida na Itália toda a estrutura da antiga Paideia, um corpo de princípios éticos, sociais, culturais e pedagógicos concebido pelos gregos e destinado a formar um cidadão modelar.17 19 20 As novas informações e conhecimentos e a concomitante transformação em todas as áreas da cultura levaram os intelectuais a perceberem que se achavam em meio a uma fase de renovação comparável às fases brilhantes das civilizações antigas, em oposição à Idade Média anterior, que passou a ser considerada uma era de obscuridade e ignorância.6 21
Ao longo do Quattrocento Florença se manteve como o maior centro cultural do Renascimento, atravessando um momento de grande prosperidade econômica e conquistando também a primazia política em toda a região, apesar de Milão e Nápoles serem rivais perigosos e constantes. A opulência da sua oligarquia burguesa, que então monopolizava todo o sistema bancário europeu e adquiria um brilho aristocrático e grande cultura, se entregava à "bela vida" e enchia seus palácios e capelas de obras classicistas, gerou descontentamento na classe média, materializada numa reversão ao idealismo místico do estilo gótico. Estas duas tendências opostas marcaram a primeira metade deste século, até que a pequena burguesia abandonou suas resistências, possibilitando uma primeira grande síntese estética que viria a transbordar de Florença para quase todo o território italiano, definida pela primazia do racionalismo e dos valores clássicos. Foi o século dos Medici, destacando-se principalmente Lorenzo de' Medici, grande mecenas, e o interesse pela arte se difundia para círculos cada vez maiores.11 22

Alta Renascença[editar | editar código-fonte]

A Alta Renascença cronologicamente engloba os anos finais do Quattrocento e as primeiras décadas do Cinquecento, sendo delimitada aproximadamente pelas obras de maturidade de Leonardo da Vinci (a partir de c. 1480) e o Saque de Roma em 1527. Foi a fase de culminação do Renascimento, que se dissipou mal foi atingida, mas seu reconhecimento é importante porque ali se cristalizaram ideais que caracterizam todo o movimento renascentista: o Humanismo, a noção de autonomia da arte, a emancipação do artista de sua condição de artesão e equiparação ao cientista e ao erudito, a busca pela fidelidade à natureza, e o conceito de gênio, tão perfeitamente encarnado em Da Vinci, RafaelMichelangelo. Se a passagem da Idade Média para a Idade Moderna não estava ainda completa, pelo menos estava assegurada sem retorno possível.18 23 Eventos como a descoberta da América e a Reforma Protestante, e técnicas como a imprensa de tipos móveis, transformaram a cultura e a visão de mundo dos europeus, ao mesmo tempo em que a atenção de toda a Europa se voltava para a Itália e seus progressos, com as grandes potências da FrançaEspanha e Alemanha desejando sua partilha e fazendo dela um campo de batalhas e pilhagens. Com as invasões que se seguiram a arte italiana espalhou sua influência por uma vasta região do continente.24 25
Foi na Alta Renascença que a arte atingiu a perfeição e o equilíbrio classicistas perseguidos durante todo o processo anterior, especialmente no que diz respeito à pintura e à escultura. Pela primeira vez a Antiguidade era compreendida como um todo unificado e não como uma sequência de eventos isolados, levando a arte a descartar a simples imitação decorativa do antigo e troca de uma emulação mais completa, mais essencial e também muito mais erudita.18 Porém esse classicismo, embora maduro e rico, conseguindo plasmar obras de grande pujança, comparáveis à arte antiga, tinha forte carga formalista, espelhando o código de ética artificial, cosmopolita e abstrato que se impunha entre os círculos ilustrados e que prescrevia a moderação, autocontrole, dignidade e polidez em tudo, e que teve na pintura de Rafael e na música de Palestrinaseus mais perfeitos representantes artísticos, e no livro O Cortesão de Baldassare Castiglione sua súmula teórica.26 O idealismo que foi intensamente cultivado na antigüidade clássica encontrava uma atualização e, segundo Hauser,

Giovanni BelliniSacra conversazione, 1505-1510. Chiesa di San Zaccaria, Veneza
"De acordo com os pressupostos desta arte, pareceria inconcebível, por exemplo, que os apóstolos fossem representados como camponeses vulgares e artesãos comuns, como o eram tão frequentemente e com tanto sabor, no século XV. Para esta arte nova, os profetas, apóstolos, mártires e santos são personalidades ideais, livres, grandes, poderosas e dignificadas, graves e solenes, uma raça heróica, no pleno florescimento de uma beleza madura e enternecedora. Na obra de Leonardo encontramos ainda tipos da vida comum, ao lado destas nobres figuras, mas gradualmente nada que não seja grande e sublime parece digno de representação artística".26
Apesar desse código de ética, era uma sociedade agitada por mudanças políticas, sociais e religiosas importantes em que a liberdade anterior desapareceu, e o autoritarismo e a dissimulação se ocultavam por trás das normas de boa educação e da disciplina, como se lê em O Príncipe, deMaquiavel, um manual de governo que dizia que "não existem boas leis sem boas armas", não distinguindo poder de autoridade e legitimando o uso da força para controle do cidadão, livro que foi uma referência fundamental do pensamento político renascentista em sua fase final e uma inspiração decisiva para a construção do Estado moderno. Assim, a grande diferença de mentalidade entre o Quattrocento e o Cinquecento é que enquanto naquele a forma é um fim, neste é um começo; enquanto naquele a natureza fornecia os padrões que a arte imitava, neste a sociedade precisará da arte para provar que existem tais padrões. Rafael resumiu os opostos em seu famoso afresco A Escola de Atenas, uma das mais importantes pinturas da Alta Renascença, realizada na primeira década doCinquecento, que ressuscitou o diálogo filosófico entre Platão e Aristóteles, ou seja, entre o idealismo e o empirismo.27 Nesse período se observou o paulatino deslocamento do maior centro cultural renascentista de Florença para Roma, com a proteção do papado e o crescente afluxo de artistas de outras partes.18

Cinquecento e o Maneirismo italiano[editar | editar código-fonte]


PontormoA Deposição da Cruz, 1525-1528. Santa Felicita, Florença
Cinquecento (século XVI) é a derradeira fase da Renascença, quando o movimento se transforma, se expande para outras partes da Europa e Roma sobrepuja definitivamente Florença como centro cultural, especialmente a partir do pontificado de Júlio II. Roma até então não havia produzido grandes artistas renascentistas, e o classicismo havia sido plantado através da presença temporária de artistas de outras partes. Mas com a fixação na cidade de mestres do porte deRafaelMichelangelo e Bramante formou-se uma escola local, tornando a cidade o mais rico repositório da arte da Alta Renascença e da sua continuação cinquecentesca, onde a política cultural do papado deu uma feição característica a toda esta fase. Boa parte dessa nova influência romana derivou do desejo de reconstituir a grandeza e a virtude cívica da Roma Antiga, o que se refletiu na intensificação do mecenato e na recriação de práticas sociais e simbólicas que imitavam as da Antiguidade, como os grandes cortejos de triunfo, as festas públicas suntuosas, as representações plásticas e teatrais grandiloquentes, cheias de figuras históricas, mitológicas e alegóricas.18
Na seqüência do saque de Roma de 1527 e da contestação da autoridade papal pelos Protestantes o equilíbrio político do continente se alterou e sua estrutura sócio-cultural foi abalada, com conseqüências negativas principalmente para a Itália, que além de tudo deixava de ser o centro comercial da Europa enquanto novas rotas de comércio eram abertas pelas grandes navegações. Todo o panorama mudava de figura, declinando a influência católica, perdendo-se a unidade cultural e artística recém conquistada na Alta Renascença e surgindo sentimentos de pessimismo, insegurança e alheamento que caracterizam a atmosfera do Maneirismo.28 29 Apareceram escolas regionais nitidamente diferenciadas em Roma, Florença, FerraraNápolesMilãoVeneza, e o Renascimento se espalhou então definitivamente por toda a Europa, dando frutos em especial na FrançaEspanha e Alemanha, tingidos pelos históricos locais específicos. A arte de longevos como Michelangelo e Ticiano registrou em grande estilo a transição de uma era de certezas e clareza para outra de dúvidas e drama que viu aparecer a Contra-Reforma e se dirigia para o Barroco do século XVII.28

Lutero aos 46 anos (Lucas Cranach, o Velho, 1529)
Um dos impactos mais importantes da Reforma Protestante sobre a arte renascentista foi a condenação das imagens sagradas, o que despovoou os templos do norte de representações pictóricas e escultóricas de santos e personagens divinos, e muitas obras de arte foram destruídas em ondas de fúria iconoclasta. Com isso as artes representativas sob influência reformista se voltaram para os personagens profanos e a natureza. O papado, porém, logo percebeu que a arte podia ser uma arma eficiente contra os protestantes, auxiliando em uma evangelização mais ampla e mais sedutora para as grandes massas do povo, e durante a Contra-Reforma foram sistematizados uma nova série de preceitos baseados na teologia contra-reformista, que determinavam em detalhe como o artista deveria criar sua obra de tema religioso. Mas assim, se por um lado a Contra-Reforma deu origem a mais encomendas de arte sacra pela Igreja Católica, a antiga liberdade de expressão artística que se verificara em fases anteriores desapareceu, uma liberdade que permitira a Michelangelo decorar seu enorme painel do Juízo Final, pintado no coração do Vaticano, com uma multidão de corpos nus de grande sensualidade, ainda que o campo profano permanecesse pouco afetado pelas novas regras, que eram bastante dogmáticas e moralistas.30 31 Apesar disso, as aquisições intelectuais e artísticas da Alta Renascença que ainda estavam frescas e resplandeciam diante dos olhos não poderiam ser esquecidas de pronto, mesmo que seu substrato filosófico já não pudesse permanecer válido diante dos novos fatos políticos, religiosos e sociais. A nova arte que se fez, ainda que inspirada na fonte do classicismo, o traduziu em formas inquietas, ansiosas, distorcidas, agitadas, ambivalentes, apegadas a preciosismos intelectualistas, características que refletiam os dilemas do século.28
Maneirismo, que cobre os dois terços finais do século XVI e depois se confunde com o Barroco, foi um movimento que tem gerado historicamente muito debate entre os historiadores da arte. Depois do século XVII ele passou a ser encarado com desprezo, como uma degeneração mórbida e afetada dos ideais clássicos autênticos. Nos dias de hoje, porém, essa visão já não permanece, tendo sido revisada através de duas vertentes da crítica. Para uns ele se manifestou em uma área geográfica tão vasta e de maneira tão polimorfa e tão distinta doQuattrocento e da Alta Renascença, que se tornou um dilema inconciliável descrevê-lo como parte do fenômeno original, basicamente classicista e italiano, pois parece-lhes que em muitos sentidos ele constitui uma completa antítese dos princípios clássicos de proporção equilibrada, unidade formal, clareza, lógica e naturalismo, tão prezados pelas fases anteriores e que definiriam o "verdadeiro" Renascimento. A consequência foi estabelecer o Maneirismo como um movimento independente, reconhecendo uma nova e vigorosa forma de expressão no que se chegou a ver como decadência e distorção, tendo sua importância realçada por esses traços fazerem dele a primeira escola moderna de arte. A outra vertente crítica, contudo, o analisa como um aprofundamento e um enriquecimento dos pressupostos clássicos e como uma legítima conclusão do ciclo do Renascimento; não tanto uma negação ou desvirtuamento daqueles princípios, mas uma reflexão sobre sua aplicabilidade prática naquele momento histórico e uma adaptação - às vezes dolorosa mas em geral criativa e bem sucedida - às circunstâncias da época.

As artes no Renascimento


Nas artes o Renascimento se caracterizou, em linhas muito gerais, pela inspiração nos antigos gregos e romanos, e pela concepção de arte como uma imitação da natureza, tendo o homem nesse panorama um lugar privilegiado. Mas mais do que uma imitação, a natureza devia, a fim de ser bem representada, passar por uma tradução que a organizava sob uma óptica racional e matemática, num período marcado por uma matematização de todos os fenômenos naturais. Na pintura a maior conquista da busca por esse "naturalismo organizado" foi a recuperação daperspectiva, representando a paisagem, as arquiteturas e o ser humano através de relações essencialmente geométricas e criando uma eficiente impressão de espaço tridimensional; na música foi a consolidação do sistema tonal, possibilitando uma ilustração mais convincente das emoções e do movimento; na arquitetura foi a redução das construções para uma dimensão mais humana, abandonando-se as alturas transcendentais das catedrais góticas; na literatura, a introdução de um personagem que estruturava em torno de si a narrativa e mimetizava até onde possível a noção de sujeito.34

Pintura[editar | editar código-fonte]


GiottoDeposição de Cristo, ciclo de afrescos na Capela Scrovegni(1304-1306), Pádua

MasaccioCristo e o tributo, 1425-1428. Capela Scrovegni

RafaelA Escola de Atenas, 1509. Vaticano
Sucintamente, a contribuição maior da pintura do Renascimento foi sua nova maneira de representar a natureza, através de domínio tal sobre a técnica pictórica e a perspectiva de ponto central, que foi capaz de criar uma eficiente ilusão de espaço tridimensional em uma superfície plana. Tal conquista significou um afastamento radical em relação ao sistema medieval de representação, com sua estaticidade, seu espaço sem profundidade e seu sistema de proporções simbólico - onde os personagens maiores tinham maior importância numa escala que ia do homem até Deus - estabelecendo um novo parâmetro cujo fundamento era matemático, no que se pode ver um reflexo da popularização dos princípios filosóficos do racionalismo, antropocentrismo e do humanismo. A linguagem visual formulada pelos pintores renascentistas foi tão bem sucedida que permanece válida até hoje.17 35
O cânone greco-romano de proporções voltava a determinar a construção da figura humana; também voltava o cultivo do Belo tipicamente clássico. A pintura renascentista é em essência linear; o desenho era agora considerado o alicerce de todas as artes visuais e seu domínio, um pré-requisito para todo artista. Para tanto, foi de grande utilidade o estudo das esculturas e relevos da Antiguidade, que deram a base para o desenvolvimento de um grande repertório de temas e de gestos e posturas do corpo. Na construção da pintura, a linha convencionalmente constituía o elemento demonstrativo e lógico, e a cor indicava os estados afetivos ou qualidades específicas. Outro diferencial em relação à arte da Idade Média foi a introdução de maior dinamismo nas cenas e gestos, e a descoberta do sombreado, ou claro-escuro, como recurso plástico e mimético.18 35
Giotto, atuando entre os séculos XIII e XIV, foi o maior pintor da primeira Renascença italiana e o pioneiro dos naturalistas em pintura. Sua obra revolucionária, em contraste com a produção de mestres do gótico tardio como Cimabue e Duccio, causou forte impressão em seus contemporâneos e dominaria toda a pintura italiana do Trecento, por sua lógica, simplicidade, precisão e fidelidade à natureza.36 Ambrogio Lorenzetti e Taddeo Gaddi continuaram a linha de Giotto sem inovar, embora em outros características progressistas se mesclassem com elementos do gótico ainda forte, como se vê na obra de Simone Martini e Orcagna. O estilo naturalista e expressivo de Giotto, contudo, representava a vanguarda na visualidade desta fase, e se difundiu para Siena, que por um tempo passou à frente de Florença nos avanços artísticos. Dali se estendeu para o norte da Itália.
No Quattrocento as representações da figura humana adquiriram solidez, majestade e poder, refletindo o sentimento de autoconfiança de uma sociedade que se tornava muito rica e complexa, com vários níveis sociais, de variada educação e referenciais, que dela participavam ativamente, formando um painel multifacetado de tendências e influências. Mas ao longo de quase todo o século a arte revelaria o embate entre os derradeiros ecos do gótico espiritual e abstrato, exemplificado por Fra AngelicoPaolo Uccello,Benozzo Gozzoli e Lorenzo Monaco, e as novas forças organizadoras, naturalistas e racionais do classicismo, representadas por Botticelli,PollaiuoloPiero della Francesca e Ghirlandaio. Nesse sentido, depois de Giotto o próximo marco evolutivo foi Masaccio, em cujas obras o homem tem um aspecto nitidamente enobrecido e cuja presença visual é decididamente concreta, com eficiente uso dos efeitos de volume e espaço tridimensional. Dele se disse que foi "o primeiro que soube pintar homens que realmente tocavam seus pés na terra".35 Junto com Florença, Veneza representa a vanguarda artística européia no Quattrocento, dispondo de um grupo de artistas ilustres, como Jacopo Bellini,Giovanni BelliniVittore CarpaccioMauro Codussi e Antonello da Messina. Siena, que já fizera parte da vanguarda em anos anteriores, agora hesitava entre o apelo espiritual do gótico e o fascínio profano do classicismo, e perdia ímpeto. Enquanto isso também outras regiões do norte da Itália começavam a conhecer o classicismo, através de Perugino em PerugiaFrancesco Laurana em UrbinoPinturicchio, Masaccio,Melozzo da Forli, e Giuliano da Sangallo em Roma, e Mantegna em Pádua e Mântua.37 Também deve-se lembrar a influência renovadora sobre os pintores italianos da técnica da pintura a óleo, que no Quattrocento estava sendo desenvolvida nos Países Baixos e atingira elevado nível de refinamento, possibilitando a criação de imagens muito mais precisas e nítidas e com um sombreado muito mais sutil do que o que era conseguido com o afresco, a encáustica e a têmpera. As telas flamengas eram muitissimo apreciadas na Itália exatamente por essas qualidades, e uma grande quantidade delas foi importada, copiada ou emulada pelos italianos.17
Mais adiante, na Alta Renascença, com Leonardo da Vinci, a técnica do óleo se refinou e penetrou no terreno do sugestivo, ao mesmo tempo em que aliava fortemente arte e ciência. Com Rafael o sistema classicista de representação visual chegou a um apogeu, e se revelou a doçura, a grandeza solene e a perfeita harmonia. Mas essa fase, de grande equilíbrio formal, não durou muito, logo seria transformada profundamente, dando lugar ao Maneirismo. Aqui Michelangelo, coroando o processo de exaltação do homem, levou-o a uma nova dimensão, a do sobre-humano, abrindo-lhe também as portas do trágico e do patético. Com os maneiristas toda a noção de espaço foi então alterada, a perspectiva se fragmentou em múltiplos pontos de vista, e as proporções da figura humana foram distorcias com finalidades expressivas ou meramente estéticas, formulando-se uma linguagem visual mais dinâmica, vibrátil, subjetiva, dramática e sofisticada. PontormoPaolo VeroneseGiulio RomanoTintorettoBronzino, e Michelangelo em sua fase madura foram exemplos típicos do Maneirismo plenamente manifesto. Giorgio Vasari, um pintor e arquiteto maneirista de mérito secundário, também deve ser lembrado por sua importância como biógrafo e historiador da arte, um dos primeiros a reconhecer todo o ciclo renascentista como uma fase de renovação cultural e o primeiro a usar o termo "Renascimento" na bibliografia, em sua enciclopédica Le Vite de' più Eccellenti Pittori, Scultori e Architettori, uma das fontes primárias para o estudo da vida e obra de muitos artistas do período.

MAIS ATIVIDADES

06. Qual das alternativas abaixo apresenta características do Renascimento Cultural?
A - Teocentrismo; valorização da cultura egípcia; valorização da religião; estética fora da realidade.
B - Geocentrismo; valorização apenas de temas religiosos; influência do misticismo; estética monocromática.
C - Temas não relacionados com a realidade; pobreza de cores nas pinturas; Teocentrismo; valorização de temas abstratos.
D - Antropocentrismo; valorização da cultura greco-romana; valorização da Ciência e da razão; busca do conhecimento em várias áreas.
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07. Vários artistas italianos se destacaram no Renascimento Cultural. Qual das alternativas abaixo apresenta nomes de artistas italianos renascentistas?
A - Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael Sanzio, Botticelli e Tintoretto.
B - Pablo Picasso, Van Gogh, Galileu Galilei e Lucas Mantovanni.
C - Pitágoras, Renoir, Portinari, Monet e Laurentino Schiatti.
D - Lucas Mantovanni, Pablo Picasso, Monet, Girondinelli e Renoir.
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08. Na Itália Renascentista quem eram os mecenas?
A - Governantes que atuavam como artistas, fazendo esculturas e pinturas.
B - Pintores que ajudavam financeiramente os burgueses da época.
C - Burgueses e governantes que protegiam e patrocinavam financeiramente os artístas renascentistas.
D - Religiosos que perseguiam os artísticas que faziam obras de arte que criticavam os fundamentos da Igreja Católica.
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09. Sobre Leonardo da Vinci, é verdadeira afirmar que:
A - Foi o mais importante escultor e poeta do Renascimento Italiano.
B - Foi um importante pintor, escultor, cientista, engenheiro, escritor e físico do Renascimento.
C - Foi um importante governante italiano que patrocinou vários artistas e cientistas do período renascentista.
D - Foi um importante escultor e pintor italiano do Renascimento, cuja principal obra é Pietá.
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10. Qual dos países abaixo é considerado o berço do Renascimento?
A - França
B - Itália
C - Espanha
D - Holanda.

11. Com relação às artes e às letras de seu tempo, os humanistas dos séculos XV e XVI afirmavam:
a) que a literatura e as artes plásticas passavam por um período de florescimento, dando continuidade ao período medieval.
b) que a literatura e as artes plásticas, em profunda decadência no período anterior, renasciam com o esplendor da Antiguidade.
c) que as letras continuavam as tradições medievais, enquanto a arquitetura, a pintura e a escultura rompiam com os velhos estilos.
d) que as artes plásticas continuavam as tradições medievais, enquanto a literatura criava novos estilos.
e) que o alto nível das artes e das letras do período nada tinha a ver com a Antiguidade nem com o período medieval.
12. Durante o Renascimento, houve um notável desenvolvimento da produção literária, além das artes plásticas. Indique a alternativa em que obra e autor estão corretos:
a) O Príncipe - Shakespeare
b) Dom Quixote - Miguel de Cervantes
c) Os Lusíadas - Erasmo de Rotterdan
d) Hamlet - Dante Alighieri
e) Utopia - François Rabelais

13. "Se volveres a lembrança ao Gênese, entenderás que o homem retira da natureza seu sustento e a sua felicidade. O usuário, ao contrário, nega a ambas, desprezando a natureza e o modo de vida que ela ensina, pois outros são no mundo seus ideais." (Dante Alighieri, A DIVINA COMÉDIA, Inferno, canto XI, tradução de Hernâni Donato). Esta passagem do poeta florentino exprime:
a) uma visão já moderna da natureza, que aqui aparece sobreposta aos interesses do homem.
b) um ponto de vista já ultrapassado no seu tempo, posto que a usura era uma prática comum e não mais proibida.
c) uma nostalgia pela Antigüidade greco-romana, onde a prática da usura era severamente coibida.
d) uma concepção dominante na Baixa Idade Média, de condenação à prática da usura por ser contrária ao espírito cristão.
e) uma perspectiva original, uma vez que combina a prática da usura com a felicidade humana.

14. Com relação à arte medieval, o Renascimento destaca-se pelas seguintes características:
a) a perspectiva geométrica e a pintura a óleo.
b) as vidas de santos e o afresco.
c) a representação do nu e as iluminuras.
d) as alegorias mitológicas e o mosaico.
e) o retrato e o estilo romântico na arquitetura.

15. Em O RENASCIMENTO, Nicolau Sevcenko afirma: "O comércio sai da crise do século XIV fortalecido. O mesmo ocorre com a atividade manufatureira, sobretudo aquela ligada à produção bélica, à construção naval e à produção de roupas e tecidos, nas quais tanto a Itália quanto a Flandres se colocaram à frente das demais. As minas de metais nobres e comuns da Europa Central também são enormemente ativadas. Por tudo isso muitos historiadores costumam tratar o século XV como um período de Revolução Comercial." A Revolução Comercial ocorreu graças:
a) às repercussões econômicas das viagens ultramarinas de descobrimento.
b) ao crescimento populacional europeu, que tornava imperativa a descoberta de novas terras onde a população excedente pudesse ser instalada.
c) a uma mistura de idealismo religioso e espírito de aventura, em tudo semelhante àquela que levou à formação das cruzadas.
d) aos Atos de Navegação lançados por Oliver Cromwell.
e) à auto-suficiência econômica lusitana e à produção de excedentes para exportação.

16. Entre os séculos XIV e XVI a Europa viveu uma época de muitas transformações no campo das técnicas, das artes, da política, da religião e do próprio conhecimento que o homem tinha do mundo em si mesmo. Sobre esse período histórico, é correto afirmar:
a) Os reinos da França e da Inglaterra enfraqueceram-se devido à crise do sistema feudal, que empobrecera os nobres exatamente no momento de enriquecimento da burguesia mercantil e financeira, o que permitiu que os reis concentrassem mais poder em suas mãos.
b) Surgiram nessa época "projetos" políticos que diziam respeito às formas de um governante proteger e aumentar seu poder.
c) Durante esse período, quando os reinos independentes se fortaleceram, a Igreja esforçou-se para assegurar o poder espiritual, abandonando sua preocupação anterior com a manutenção de seu poder temporal.
d) Esse período foi de paz entre os papas e os imperadores; por isso, não se investiu na criação de armas de guerra nem em fortificações.
e) Os comerciantes começaram a entrar em choque direto com a antiga ordem medieval, impondo sua forma de vida e seus valores, à medida que passaram a concentrar as riquezas, das quais dependiam também a Igreja e governantes.

17. As principais características do Renascimento foram:
a) teocentrismo, realismo e intensa espiritualidade;
b) romantismo, espírito crítico em relação à política, temas de inspiração exclusivamente naturalistas;
c) ausência de perspectiva e adoção de temas do cotidiano religioso, tendo como foco apenas os valores espirituais;
d) uso de temas ecológicos evidenciando a preocupação com o meio ambiente, execução de variados retratos de personalidades da época.
e) antropocentrismo, humanismo e inspiração greco-romana.

18. Dentre os itens constantes desta questão, um deles não faz parte dos acontecimentos importantes que assinalam a chegada da Idade Moderna. O item é:
a) o Humanismo e o Renascimento.
b) os grandes descobrimentos e a expansão geográfica.
c) formação do Estado nacional.
d) a Reforma e a Contra-Reforma.
e) a Revolução Francesa.

19. As principais características do Renascimento foram:
a) teocentrismo, realismo e intensa espiritualidade;
b) romantismo, espírito crítico em relação à política, temas de inspiração exclusivamente naturalistas;
c) ausência de perspectiva e adoção de temas do cotidiano religioso, tendo como foco apenas os valores espirituais;
d) uso de temas ecológicos evidenciando a preocupação com o meio ambiente, execução de variados retratos de personalidades da época.
e) antropocentrismo, humanismo e inspiração greco-romana.

20. Sobre o Renascimento, pode-se afirmar:
a) pode ser visto como uma revolução religiosa, resultado das profundas transformações que ocorreram na transição entre o feudalismo e o capitalismo;
b) Florença e Roma, Pequim e Bagdá foram centros de irradiação do movimento renascentista;
c) o Renascimento valorizava o anonimato e fortalecia o sentimento nacionalista;
d) o Renascimento foi um movimento artístico, literário e científico defensor do humanismo, baseado no antropocentrismo e no espírito crítico em oposição ao teocentrismo;
e) o Renascimento fez renovar toda tradição islâmica da península Ibérica reprimida pelas Cruzadas.

21. "Que obra de arte é o homem: tão nobre no raciocínio, tão vário na capacidade; em forma o movimento, tão preciso e admirável; na ação é como um anjo; no entendimento é como um Deus; a beleza do mundo, o exemplo dos animais." (SHAKESPEARE, William. HAMLET.) O valor renascentista expresso nesse texto é
a) o antropomorfismo.
b) o hedonismo.
c) o humanismo.
d) o individualismo.
e) o racionalismo.

22. Todas as alternativas apresentam conceitos que traduzem o ideário característico do século XIX, EXCETO:
a) Anarquismo.
b) Humanismo.
c) Liberalismo.
d) Sindicalismo.
e) Socialismo.

23. A atividade crítica foi uma das características mais notáveis do humanismo do Renascimento. Nesse sentido, podemos afirmar que os humanistas:
a) estavam mais atentos aos aspectos de continuidade e permanência do que aos de modificação e variação da natureza e da sociedade
b) defendiam os valores da lgreja e da cultura medieval à semelhança dos teólogos tradicionais
c) dedicavam-se à crítica da cultura tradicional e à elaboração de um novo código de valores e de comportamentos
d) formavam um grupo de eruditos voltados, exclusivamente, para a renovação dos estudos universitários

24. O Humanismo foi um movimento que não pode ser definido por:
a) ser um movimento diretamente ligado ao Renascimento, por suas características antropocentristas e individuais.
b) ter uma visão do mundo que recupera a herança greco-romana, utilizando-a como tema de inspiração.
c) ter valorizado o misticismo, o geocentrismo e as realizações culturais medievais.
d) centrar-se no homem, em oposição ao teocentrismo, encarando-o como "medida comum de todas as coisas".
e) romper os limites religiosos impostos pela Igreja às manifestações culturais.

25. "Hoje não vemos em Petrarca senão o grande poeta italiano. Entre os seus contemporâneos, pelo contrário, o seu principal título de glória estava em que de algum modo ele representava pessoalmente a Antigüidade (...) Acontece o mesmo com Bocácio (...) Antes do seu Decameron ser conhecido (...) admiravam-no pelas suas compilações mitográficas, geográficas e biográficas em língua latina." (Jacob Burckardt, A CIVILIZAÇÃO DA RENASCENÇA ITALIANA.) Petrarca e Bocácio estão intimamente relacionados ao:
a) nascimento do humanismo.
b) declínio da literatura barroca.
c) triunfo do protestantismo.
d) apogeu da escolástica.
e) racionalismo clássico.